Resumo

Título do Artigo

Determinantes da estratégia de comercialização de cooperativas lácteas no Brasil e Austrália: estudo de casos
Abrir Arquivo

Palavras Chave

agronegócio
competitividade
cooperativismo

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Processo Estratégico nas Organizações

Autores

Nome
1 - Gustavo Leonardo Simão
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Departamento de Administração e Contabilidade

Reumo

A cadeia produtiva do leite apresenta expressiva complexidade em sua gestão. Existem diversos elos e agentes intervenientes entre o processo de produção até a disponibilização do produto final aos consumidores. As cooperativas lácteas figuram nesse contexto e seus gestores se defrontam com esses desafios e também aqueles inerentes as peculiaridades imanentes da própria natureza do negócio cooperativo.
Analisar a estruturação organizacional, conforme salienta Machado-da-Silva e Fonseca (2010), é relevante na medida em que se pode notabilizar as características e sob que condições elas se delimitam, de forma a compreender como empreendimentos alcançam os níveis competitivos necessários à sua sobrevivência. Neste estudo objetivou-se responder uma questão básica: quais os motivos que levam os atores organizacionais em cooperativas lácteas a optarem pelo modelo de negócios de comercialização?
Decisões estratégicas relacionadas ao direcionamento estrutural de um determinado empreendimento, especificamente em relação a uma maior ou menor atuação horizontal ou vertical, envolvem principalmente análises de ganhos competitivos (PORTER, 1998). Em decorrência dessa concepção, a estrutura de mercado em que o negócio está inserido é variável interveniente em tal decisão, destacadamente em relação às oportunidades e ameaças interpostas (CHATTOPADHYAY et al., 2001).
O presente trabalho pautou-se por uma abordagem qualitativa e descritiva. Foram selecionadas duas cooperativas lácteas como unidades de análise, classificadas no modelo de negócios de suprimentos, uma no Brasil, aqui denominada de Cooperativa do Oeste (CO), e outra na Austrália, denominada de Cooperativa Australiana (CA). Para a obtenção dos dados utilizou-se dois métodos - o de entrevistas semiestruturadas em profundidade e o da pesquisa documental.
Em ambos os casos pesquisados houveram alterações na estrutura do modelo de negócios em virtude, principalmente, da incapacidade de o negócio conseguir disponibilidade de capital para fazer frente a demandas macro ambientais, seja em virtude de uma requisição legal, como foi o caso da CO, seja pela ausência de regulamentação e, por consequência, aumento dos níveis de competitividade, que pressionou a CA para expandir o negócio ao mesmo tempo em que fragilizou a viabilidade financeira das unidades de negócios de seus associados.
Pelos dados obtidos é possível responder a questão de pesquisa de modo a indicar que o principal fator interveniente na escolha estratégica realizada pelos tomadores de decisão nas cooperativas, sob anuência dos associados, é a ausência de disponibilidade de capital para investimentos, o que não é um achado novo em relação ao que já foi pesquisado sobre cooperativas. Entretanto, é inovador a forma como esses gestores têm contornado essa situação, o que foi discorrido ao longo da análise e discussão dos dados obtidos, com destaque para distinções microestruturais.
CHATTOPADHYAY, P. et al. Organizational actions in response to threats and opportunities. Academy of Management Journal, v. 44, n. 5, p. 937-955, 2001. PORTER, M. Competitive Strategy: Techniques for Analyzing Industries and Competitors. New York: The Free Press, 1998. MACHADO-DA-SILVA, C. L.; FONSECA, V. S. Estruturação da estrutura organizacional: o caso de uma empresa familiar. RAC-Revista de Administração Contemporânea, v. 14, p. 11-32, 2010.