Resumo

Título do Artigo

Perdas por Impairment: Impactos no Resultado das Empresas Não-financeiras Listadas no Ibovespa
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Palavras Chave

Teste de Impairment
IAS 36
CPC 01

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Mara Jane Contrera Malacrida
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Fea
2 - Flavio Riberi
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - PPGCC - Programa de Pós Graduação em Contabilidade e Controladoria

Reumo

A confiabilidade da informação contábil mostra-se fundamental para aqueles que querem investir durante ciclos de desaceleração ou retração da atividade econômica. Gunn, Khurana e Stein (2017) demonstraram que um grande número de empresas norte-americanas reconheceram 311 bilhões de dólares em perdas por impairment somente no 4º trimestre de 2008, representando um montante superior ao total registrado cumulativamente aos quatro anos anteriores a crise do subprime que assolou o país neste período.
Este artigo teve por objetivo analisar o impacto do reconhecimento de perdas por impairment sobre o resultado de companhias abertas, não-financeiras, listadas na Bolsa Brasil Balcão (B3) e integrantes do Ibovespa, à luz da influência que o cenário macroeconômico exerceu sobre as empresas no período entre 2014 e 2017. Assim, desenvolveu-se a seguinte hipótese de pesquisa: O desempenho das empresas foi afetado de forma significativa pelo ciclo econômico, com consequente reconhecimento de perdas por impairment no período de 2014 a 2017.
A redução ao valor recuperável de um ativo, por sua vez, confere um impacto desfavorável ao resultado da organização, afetando por sua vez os indicadores de desempenho como o retorno sobre o patrimônio e o retorno sobre o ativo. Contrariando achados anteriores, a perda por impairment tende a ser maior nos exercícios em que não haja aferição de lucro (Tavares et al., 2010; Ferreira, 2016) e além da influência do gerenciamento de resultados sobre o resultado apurado pela organização.
Uma abordagem empírica foi aplicada em duas etapas a uma amostra de 53 empresas não-financeiras listadas na B3: (i) Sumarização e análises dos montantes reconhecidos de perdas por impairment e suas relações com o ativo total, com o resultado do período (lucro/prejuízo), e com a rentabilidade do patrimônio líquido (ROE); (ii) Aplicação do teste não-paramétrico de Wilcoxon para comparação entre os retornos ROE e ROE ajustado.
As análises evidenciaram que o ativo imobilizado foi o que sofreu maior impacto em relação às perdas por impairment reconhecidas e que o efeito negativo dessas perdas foi significativo para empresas pertencentes aos setores de Consumo Não Cíclico, Materias Básicos, Utilidade Pública, Bens Industriais, Saúde e Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Para os demais setores (Consumo Não Básico, Consumo Cíclico, Diversos e Telecomunicação) as perdas por impairment reconhecidas no período não impactaram de modo significativo os resultados das empresas.
As análises evidenciaram que houve o reconhecimento de perdas por impairment em montantes relevantes nos anos analisados, sendo de, aproximadamente, 50 bilhões de reais em 2014, 102 bilhões de reais em 2015, 45 bilhões de reais em 2016 e 11 bilhões de reais em 2017 e evidenciou que o ativo imobilizado foi o que sofreu maior impacto em relação às perdas por impairment reconhecidas, demonstrando que o cenário econômico, no período analisado, influenciou a capacidade de as empresas gerarem benefícios econômicos futuros para fazer frente aos investimentos realizados na capacidade produtiva.
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