Resumo

Título do Artigo

DESDE O LOCAL DE PARTIDA, POR UMA VIAGEM SEM ASSÉDIO SEXUAL, TÁTICAS E ESTRATÉGIAS COTIDIANAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO POR PASSAGEIRAS DO UBER
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Palavras Chave

Identidade de Gênero
Cotidiano
Assédio Sexual

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Caroline Rodrigues Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Goiabeiras
2 - Sâmela Pedrada Cardoso
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Goiabeiras
3 - Juliana Schneider Mesquita
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - PPGADM
4 - Juliana Cristina Teixeira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - PROFIAP

Reumo

As viagens pelo aplicativo Uber estão presentes no cotidiano de muitos usuários, principalmente os que circulam entre médias e grandes cidades brasileiras. O tema assédio sexual no uber tem sido recorrente nas redes sociais, relatos e discussões de mulheres expõe assédios sofridos durante as corridas por parte de motoristas homens. Apesar de ser recente o uso da tecnologia de aplicativos de celular para transporte privado, estudos sobre assédio, inclusive com motoristas de táxi, pontuam o problema do assédio sexual ao permear o cotidiano generificado, tema presente nos estudos organizacionais.
Este artigo tem o objetivo de analisar as estratégias e táticas mobilizadas por mulheres passageiras do aplicativo de transporte privado Uber para se sentirem mais seguras durante a viagem e para evitar o assédio sexual por parte dos motoristas. A partir de orientações ou ausência das mesmas para o tema, o problema de pesquisa que se apresenta é: as recomendações de segurança contra o assédio sexual oferecidas publicamente pela empresa Uber estão de acordo com as vivências cotidianas experienciadas a partir de relações de poder generificadas entre motoristas homens e passageiras mulheres?
O referencial teórico busca trazer à discussão as construções sócio históricas e culturais das relações de poder as quais constituem as identidades de gênero (BUTLER, 1990), as relações sócio espaciais presentes no cotidiano (CERTEAU, 1998) e a integração com assédio sexual situado em vivências de mulheres brasileiras no país e no âmbito da academia em Administração (TEIXEIRA; RAMPAZO, 2017).
Para a produção dos dados, utilizamos entrevistas semiestruturadas com passageiras do aplicativo de transporte privado Uber e, para análise teórico-empírica desses dados, utilizamos a AFD (Análise Francesa do Discurso). As entrevistas transcristas foram analisadas, a partir das escolhas lexicais das entrevistadas, os aspectos explícitos, implícitos e silenciados nos discursos, o alinhamento ou não dos discursos das entrevistadas aos discursos hegemônicos na sociedade (VAN DIJK, 1997).
Os principais resultados evidenciam que as passageiras se utilizam de estratégias e táticas a fim de se evitar o assédio sexual, algumas delas inclusive recomendadas pela empresa em seu site, porém, ainda assim, há um descompasso entre o discurso da empresa sobre a prevenção do assédio sexual com o que de fato as passageiras experenciam, trazendo à tona a necessidade de esforços por parte do Uber para a conscientização dos motoristas e melhoria dos mecanismos de proteção aos usuários.
As entrevistas nos possibilitaram responder ao problema de pesquisa proposto, uma vez que mostraram que há um descompasso entre o discurso da empresa sobre a prevenção do assédio sexual com o que de fato as passageiras experenciam. Apesar dos esforços da empresa, os assédios continuam fazendo parte do cotidiano dessas passageiras. Desse modo, torna-se urgente a implementação de maiores esforços por parte da empresa Uber para a conscientização dos motoristas e melhoria dos mecanismos de proteção às usuárias, deixando- as mais seguros na utilização dos serviços do aplicativo.
BUTLER, J. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. v. 1 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliera, 1990. CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, v. 3, 1998. Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v. 11, n. 4, p. 1151–1235, 2017. VAN DIJK, T. A. Discourse as interaction in society. In: VAN DIJK, T. A. (Ed.). Discourse as social interaction. London: Sage, 1997, pp. 1-37.