Resumo

Título do Artigo

VALOR PARA STAKEHOLDERS: RELAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DE VALOR INCREMENTAL E O DESEMPENHO FINANCEIRO
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Palavras Chave

Teoria dos Stakeholders
Valor para Stakeholders
Índice de Sustentabilidade Empresarial

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Estratégia Corporativa e de Stakeholders

Autores

Nome
1 - Keysa Manuela Cunha de Mascena
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)
2 - Adalberto A. Fischmann
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA

Reumo

O valor distribuído aos stakeholders, com a finalidade de atender suas demandas e preferências, é uma forma de atraí-los e mantê-los no relacionamento com a organização. Essa distribuição tem a capacidade de gerar uma reciprocidade positiva, ou seja, quando o stakeholder percebe que a empresa faz mais que o mínimo necessário para mantê-lo pode vir a ter mais comprometimento e fidelidade com a empresa e contribuir para a criação de valor. Por consequência, a organização pode obter vantagens competitivas e auferir um maior desempenho financeiro corporativo.
A distribuição de valor para stakeholders ainda envolve questões pouco exploradas ou contraditórias na teoria dos stakeholders. Poucas evidências existem sobre quais tipos de distribuição de valor podem resultar em maior impacto no desempenho organizacional. A pergunta que norteia essa pesquisa é: Quais tipos de distribuição de valor para stakeholders estão mais associados ao desempenho financeiro superior? O objetivo dessa pesquisa é analisar a relação entre os tipos de distribuição de valor incremental para stakeholders e o desempenho financeiro.
A fundamentação teórica está ancorada na teoria dos stakeholders e aborda a discussão sobre criação e distribuição de valor, abordagem de não trade-offs e valor incremental. O valor incremental pode ser positivo, negativo ou zero. Se o incremento do valor total é positivo, alguns stakeholders podem apropriar mais valor do que outros (Garcia Castro & Aguilera, 2015). Portanto, são discutidos dois tipos de distribuição de valor: distribuição de valor de forma equilibrada entre os stakeholders e distribuição de valor com incrementos positivos.
A amostra analisada na pesquisa é formada por empresas de capital aberto listadas na B3 e suas controladas que responderam ao questionário do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A amostra final é composta por 62 empresas e 181 observações em três anos: 2011, 2012 e 2013. Para definir as variáveis de pesquisa, buscou-se no questionário ISE as questões que avaliam o valor distribuído para os stakeholders. A variável de desempenho financeiro foi definida como o retorno sobre o ativo (ROA). Para analisar as relações propostas foram testados modelos de regressão para dados em painel.
Os resultados apontam que para os stakeholders internos, funcionário e acionista, há elevada distribuição de valor e também elevado valor incremental. O stakeholder cliente obteve alto valor total e baixo valor incremental, enquanto o fornecedor obteve baixo valor total e alto valor incremental. De forma agregada, a distribuição de valor incremental equilibrada tem relação positiva com o desempenho financeiro. Por sua vez, a distribuição de valor incremental, apenas quando os incrementos são positivos, tem relação negativa com o desempenho financeiro.
Confirmou-se a hipótese de que as empresas que têm uma distribuição de valor incremental mais equilibrada têm um desempenho superior em relação às empresas que têm uma distribuição de valor incremental menos equilibrada. Esse achado reforça a abordagem de não trade-offs de Freeman (2010), ao constatar que as empresas que buscaram balancear sua distribuição de valor entre os stakeholders alcançaram desempenho superior. Portanto, a empresa deve preocupar-se em atender os stakeholders sem que o atendimento a um stakeholder possa gerar insatisfação a outro (Tantalo & Priem, 2016).
Freeman, R. E. (2010). Managing for stakeholders: trade-offs or value creation. Journal of Business Ethics, 96(S1): 7-9. Garcia‐Castro, R., & Aguilera, R. V. (2015). Incremental value creation and appropriation in a world with multiple stakeholders. Strategic Management Journal, 36(1), 137-147. Tantalo, C, & Priem, R. L. (2016). Value creation through stakeholder synergy. Strategic Management Journal, 37(2): 314-329.