Resumo

A sub-representação de trabalhos no contexto de organizações sem fins lucrativos tem sido justificada pelas múltiplas formas de estrutura formal entre as entidades, pela alta rotatividade de trabalhadores e pela falta de informações atualizadas em plataformas abertas aos cidadãos. Com isso, a aplicação de questionários que estejam adaptados à realidade do Terceiro Setor pode auxiliar em investigações mais detalhadas sobre essas organizações.

O Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO) é uma boa escala para analisar os valores organizacionais no Terceiro Setor? Objetivo: Contribuir com os estudos sobre o setor ao validar o Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO) no contexto do Terceiro Setor. Também foram analisadas as preferências axiológicas de trabalhadores em organizações do Terceiro Setor na mesorregião do Sul/Sudoeste de Minas Gerais.

Os valores organizacionais são crenças compartilhadas pelos integrantes de uma organização, dispostas de maneira hierárquica a respeito de comportamentos desejáveis que orientam a construção da identidade organizacional, estando a serviço de interesses individuais, coletivos ou mistos (GUARDANI, 2008; TAMAYO, 2007a; TAMAYO; GONDIM, 1996).

A pesquisa envolveu amostras de trabalhadores atuantes em 34 entidades situadas na mesorregião do Sul/Sudoeste de Minas Gerais, totalizando 203 respondentes, aos quais foi aplicado o Inventário de Perfis de Valores Organizacionais em sua versão original, desenvolvida e validada por Oliveira e Tamayo (2004). Para a análise dos resultados, foram utilizados a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e o Escalonamento Multidimensional (EMD).

A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e o Escalonamento Multidimensional (EMD) indicaram um agrupamento dos valores organizacionais Autonomia, Realização e Bem-estar em um só fator, reduzindo o número de fatores propostos originalmente, como indicados por Oliveira e Tamayo (2004), de oito para seis fatores. A partir dos ajustes realizados pela AFC e pelo EMD, os resultados indicaram uma priorização de valores organizacionais de Autotranscendência e de Conservação.

Os resultados encontrados neste estudo fornecem algumas indicações de que o IPVO em sua versão original não se mostra um instrumento muito adequado para a mensuração de valores em instituições do terceiro setor, haja vista a confirmação apenas parcial de sua estrutura fatorial original nesse contexto e que a necessidade de ajustes nos fatores feriram o pressuposto da existência de quatro dimensões de valores que se distinguem entre si, dado que a Abertura à Mudança deixou de atender a essa condição. Neste sentido, os ajustes realizados permitiram adequar o questionário à realidade do setor.

OLIVEIRA, A. de F.; TAMAYO, A. Inventário de perfis de valores organizacionais. Revista de Administração, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 129-140, 2004. TAMAYO, A. comportamento organizacional. Porto Alegre: Artmed, 2008. cap. 20, p. 309-340. TAMAYO, A. Contribuições ao estudo dos valores pessoais, laborais e organizacionais. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, DF, v. 23, n. esp. p.17-24, 2007a. Disponível em: < http://www.-scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/03.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016. TAMAYO, A.; GONDIM, M. G. C. Escala de valores organizacionais. Revista de Administração (USP), v. 31, n. 2, p.