Resumo

Título do Artigo

Interações entre a alta e a média gestão: contribuições no desenvolvimento de Capacidades Dinâmicas
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Palavras Chave

Capacidades dinâmicas
Média Gerência
Estratégia

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Processo Estratégico nas Organizações

Autores

Nome
1 - Marina de Almeida Cruz
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - FACE
2 - Daniela Martins Diniz
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis - DECAC
3 - Victor Silva Correa
UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP) - Bacelar

Reumo

Estudos contemporâneos no campo da estratégia têm indicado que a literatura sobre capacidades dinâmicas se tornou uma abordagem crítica para o entendimento do processo estratégico das organizações, bem como para a compreensão de práticas que possibilitam à organização obter melhor adequação dos seus recursos para fazer face às oportunidades e ameaças do ambiente externo (Schilke, Hu, & Helfat, 2018; Teece, 2018). Apesar dos avanços nesse campo do conhecimento, a abordagem das capacidades dinâmicas ainda foi pouco explorada pela academia brasileira.
Na tentativa de apresentar contribuições para a literatura de capacidades dinâmicas (ainda foi pouco explorada pela academia brasileira), o objetivo central do estudo foi analisar como as interações entre a alta gestão e a média gerência contribuem para o desenvolvimento de capacidades dinâmicas e suas dimensões de percepção, aproveitamento e reconfiguração. Neste sentido, pretende-se investigar a influência da média e da alta gerências na formação, no desenvolvimento e modificação das três dimensões de capacidades dinâmicas.
O estudo tem como foco as dimensões processuais das capacidades dinâmicas de percepção, aproveitamento e reconfiguração (Teece, 2007, 2018), e o papel das interações entre a alta e a média gerência na execução das práticas relacionadas a tais dimensões, aspecto pouco enfatizado na literatura sobre o tema. Os trabalhos pioneiros sobre “capacidades dinâmicas” enfatizam a importância dos recursos internos e externos de empresas que atuam em ambientes competitivos, e a habilidade da firma em usar, combinar e reconfigurar tais recursos de forma contínua e efetiva.
Em termos metodológicos, foi realizada pesquisa qualitativa com base no método de estudo de casos múltiplos (Yin, 2015), aplicado em quatro empresas brasileiras (MG, Brasil) que operam em ambientes competitivos e atuam em segmentos distintos (bens de produção; bens de consumo; saúde; e prestação de serviço na área de engenharia mecânica). Para a coleta de dados, foram adotados dois instrumentos de pesquisa, sendo dezoito entrevistas em profundidade com atores da média e da alta gestão e observação direta não participante.
Os achados indicam que a articulação entre a alta e a média gestão é crucial para o desenvolvimento das dimensões de capacidades dinâmicas, pois: i) traz informações para a organização que muitas vezes não seriam acessadas pela alta direção na ausência de gerentes de nível médio (dimensão de percepção); ii) contribui para o aproveitamento de oportunidades mercadológicas (dimensão de aproveitamento); iii) favorece a o direcionamento dos recursos elevando a capacidade interna de percepção e aproveitamento de oportunidades (dimensão de reconfiguração).
Os resultados da pesquisa revelam que as interações entre os gerentes de nível médio e a cúpula estratégica das empresas investigadas contribuem para o desenvolvimento das capacidades dinâmicas, nas suas três dimensões (percepção, aproveitamento e reconfiguração). Portanto, este estudo avança na literatura de capacidades dinâmicas ao chamar a atenção para o fato de que o desenvolvimento das capacidades nas suas três dimensões depende da articulação entre a alta e a média gestão da empresa, aspecto pouco debatido na literatura sobre o tema.
Teece, D. J. (2016). Dynamic capabilities and entrepreneurial management in large organizations: Toward a theory of the (entrepreneurial) firm. European Economic Review, 86, issue C, p. 202-216. Teece, D. (2018). Business models and dynamic capabilities. Long Range Planning, 51(1), p. 40-49. Schilke, O., Hu, S. & Helfat, C. (2018). Quo Vadis, Dynamic Capabilities? A content-analytic review of the current state of knowledge and recommendations for future research. Academy of Management Annals, 12 (1), p. 390-439.