Resumo

O presente trabalho buscou, por meio da aplicação da metodologia Magic Formula (MF), criada por Greenblatt (2007), encontrar evidências da possibilidade de obtenção de retornos superiores à média de mercado, tal qual outros trabalhos que se utilizando de outros parâmetros, no entanto por meio das mesmas premissas, já evidenciaram. Os ativos foram as ações da bolsa de valores brasileira (B3) no período de 1999 a 2018. A partir disso, buscou-se respostas aos questionamentos decorrentes, por meio da teoria das Finanças Comportamentais.

Pode-se obter informações, por meio da aplicação da metodologia “Magic Formula”, que indiquem ineficiências no mercado que se conectem a teoria das Finanças Comportamentais nas transações de ações de empresas brasileiras negociadas na B3, no período de 1998 a 2017? O objetivo maior, foi encontrar evidências que apoiassem a teoria das Finanças Comportamentais, por meio da obtenção de retornos consistentes acima da média de mercado

A interpretação da Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) foi questionada por tais evidências pelos adeptos dos recém-chegados pressupostos das Finanças Comportamentais, os quais buscaram, antes de tudo, questionar o ponto fundamental a que deriva toda HME, isto é, a consideração que existe uma estrita racionalidade em busca de otimização, posto que a visão desses economistas tem base em premissas utilitaristas. No entanto, era necessário tornar tal hipótese mais palpável, desse modo, seriam necessárias evidenciais de irracionalidade que substituíssem as antigas explicações.

O método Magic Formula, proposto por Greenblatt (2007), apresentou retornos superiores à média de mercado consistentemente, para as ações norte-americana. Da mesma forma, foi aplicada tal metodologia no presente trabalho para o mercado de ações brasileiro. A metodologia buscou evidenciar a possibilidade de se obter maiores retornos com a compra das ações que tinham uma baixa relação de preço com esses parâmetros (value), com as ações que tinham uma alta relação de preço com esses parâmetros (growth), semelhantemente a outros trabalhos, no entanto com diferentes métricas.

Os resultados aqui apresentados, buscaram demonstrar que ao comprar um ativo com base em informações publicadas, este foi precificado de forma errada no curto prazo, por conta de reações enviesadas, mas que no longo prazo tende a ser percebido e levado em conta nas tomadas de decisão, tornando o investimento lucrativo. Tal evidência é explicitada nos retornos substancialmente maiores que se obtém ao comprar tais ações, as quais dentro de 1 ano obtém superam o mercado como um todo, período que, supostamente, se considera que o mesmo perceba tais discrepâncias.

A aplicação do método proposto indica não ser possível rejeitar a hipótese alternativa, isto é, os dados sugerem a possibilidade de se obter retornos superiores à média de mercado, bem como propuseram outros trabalhos. Em suma os adeptos das Finanças Comportamentais simplesmente consideram que o resultado das análises feitas por agentes racionais pode sofrer vieses psicológicos, e isso por conta da própria característica humana de ter as emoções limitando a mente de agir unicamente de modo racional.

DE BONT, Werner F. M.; THALER, Richard. Does the Stock Market Overreact? The Journal Of Finance, v. 40, n. 3, p.793-805, jul. 1985. FAMA, Eugene F. The behavior of stock market prices. The Journal of Business, v. 38, n. 1, p.34-105, jan. 1965. GRAHAM, Benjamin; DODD, David L. Security Analysis: Principles and Technique. 6. ed. New York: Mc Graw Hill, 2009. GREENBLATT, Joel. O mercado de ações ao seu alcance. 3. ed. São Paulo: Landscape, 2007. Tradução Carmen Cecília Magri. KAHNEMAN, Daniel; TVERSKY, Amos. On The Psychology of Prediction. Psychological Review, Jerusalem, v. 80, n. 4, jul. 1973