Resumo

Título do Artigo

Camuflando o Financial Distress por meio de Gerenciamento de Resultado: evidências empíricas no mercado latino-americano
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Palavras Chave

Gerenciamento de Resultado
Accruals Discricionários
Financial Distress

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Polyandra Zampiere Pessoa da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Curso de Ciências Contábeis
2 - Cássio da Nóbrega Besarria
-
3 - Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Campus I - João Pessoa

Reumo

Dada a assimetria informacional e os problemas de agência entre os administradores e usuários externos, os gestores, de maneira oportunista, podem gerenciar os resultados da empresa para enganar as partes interessadas sobre o desempenho econômico subjacente da organização. Nos últimos tempos, a literatura tem evidenciado vários incentivos para o gerenciamento, sendo um deles o financial distress. O financial distress que representa a dificuldade das organizações gerarem fluxos de caixas para honrarem com suas obrigações financeiras, podendo gerar a falência ou reorganização da firma.
Há evidencias contraditórias em relação ao impacto do financial distress no gerenciamento de resultado. Ghazali et al. (2015) defendem uma relação negativa e significativa, considerando casos extremos de financial distress e as particularidades legais do país. Por outro lado, Muljono e Suk (2018) sugerem uma influência positiva, uma vez que elevado grau de financial distress pode gerar um impacto negativo para as organizações. Sendo assim, o estudo se propõe a analisar a influência do grau de financial distress no gerenciamento de resultado das empresas de capital aberto da América Latina.
A presente pesquisa defende que dada assimetria informacional e os problemas de agência (Jensen & Meckling, 1976) os gestores são motivados a agir oportunisticamente e gerenciar os resultados contábeis, visando maximizar sua utilidade e mitigar o potencial impacto negativo do financial distress na firma, uma vez que sempre que uma empresa sofre com elevado grau de financial distress os investidores, credores e demais interessados são severamente afetados, tendo impacto inclusive na sociedade e economia geral (Agrawal & Chatterjee, 2015).
O estudo compreendeu todas as companhias de capital aberto não financeiras da América Latina no período de 2010 a 2017, a saber:Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Jamaica, México, Peru e Venezuela. Como proxy para gerenciamento de resultado, utilizou-se o modelo de Jones Modificado (1995) e Pae (2005) e para o financial distress o Z-Score de Altman (2005) para mercados emergentes. Os dados foram agrupados em painel desbalanceado e os parâmetros estimados por uma regressão por mínimos quadrados ponderados (MQG), que é robusto a heterocedasticiade.
Os resultados demonstram que o grau de financial distress (ZSC) possui uma relação positiva com gerenciamento de resultado (GR), conforme hipótese de pesquisa, tendo em vista que quanto maior o ZSC, maior a propensão dos gestores se envolverem em GR para mitigar o efeito negativo do ZSC para a empresa e maximizar sua utilidade (seja financeira ou de reputação). Além disso, conforme Habib et al. (2013) sempre que uma empresa sofre com elevado financial distress, os investidores, credores e outras partes interessadas são afetadas, as vezes, impactando inclusive a sociedade e a economia geral.
De um modo geral, observou-se que o financial distress influencia o comportamento dos gestores quanto ao nível de gerenciamento de resultado, tendo em vista que para camuflar um potencial impacto negativo no mercado e maximizar sua utilidade, os administradores aumentam o nível de gerenciamento das organizações. Além disso, constatou-se que o poder explicado da regressão utilizando o gerenciamento de resultado por accruals discricionário calculado pelo modelo de Jones Modificado (1995) obteve um poder explicado superior ao se comparar com o modelo de Pae (2005).
Altman, E. I. (2005). An emerging market credit scoring system for corporate bonds. Emerging Markets Review, 6(4), 311–323. https://doi.org/10.1016/j.ememar.2005.09.007 Dechow, P. M., Sloan, R. G., & Sweeney, A. P. (1995). Detecting earnings management. The Accouting Review, 70(2), 193–225. https://doi.org/10.1111/j.1475-679X.2012.00449.x Pae, J. (2005). Expected accrual models: The impact of operating cash flows and reversals of accruals. Review of Quantitative Finance and Accounting, 24(1), 5–22. https://doi.org/10.1007/s11156-005-5324-7