Resumo

A preocupação com a qualidade ambiental e social tornou-se mais acentuada nas últimas décadas, principalmente com o crescimento da conscientização dos stakeholders frente às questões relacionadas à Responsabilidade Social Corporativa (RSC) (Hu & Loh, 2018; Reverte, 2009). As crescentes pressões estabelecidas pelas partes interessadas têm exigido um maior envolvimento das organizações em ações de RSC. Estudos têm indicado que o Conselho de Administração é cada vez mais responsável pelas questões relacionadas à RSC, sendo fundamental para o estabelecimento de metas e objetivos em relação à RSC.

A literatura tem introduzido ideias de que o conselho de administração, além de ser responsável pelas práticas de RSC estabelecidas pelas empresas, pode ser capaz de aumentar a preocupação da corporação com os diversos stakeholders, e consequentemente com as questões sociais e ambientais. Assim, o estudo tem como problema de pesquisa: A composição do Conselho de Administração influencia na evidenciação de práticas ambientais e sociais? O trabalho tem como objetivo analisar a possível influência da composição do Conselho de Administração na evidenciação de práticas ambientais e sociais.

As empresas possuem responsabilidades com a sociedade que ultrapassam a maximização da riqueza dos acionistas (Font, Walmsley, Cogotti, McCombes, & Häusler, 2012). A evidenciação de RSC disponibiliza informações às partes interessadas a respeito das práticas socioambientais da empresa. Dessa forma, a academia tem introduzido a ideia de que a evidenciação de informações de RSC pelas corporações pode ser influenciada pela composição do conselho de administração (Giannarakis, 2014), uma vez que pode ser capaz de elevar a preocupação da empresa com os diversos stakeholders.

Foram selecionadas 73 empresas listadas na B3 S.A que divulgaram relatórios de RSC no formato GRI-G4, no período 2013-2017. Considerou-se como variáveis dependentes o índice de evidenciação de informações de caráter ambiental e social, sendo de dimensão total, ambiental e social. Como variáveis independentes, a independência, a diversidade de gênero, a idade e a atividade do conselho, e como variáveis de controle, o tamanho do conselho, tamanho da empresa, alavancagem, setor e ano. Para a pesquisa, foram realizadas análises descritivas e estimados modelos de regressão pooled OLS.

Primeiramente, observou-se uma baixa média de evidenciação dos indicadores da dimensão social e ambiental. Além disso, os resultados da pesquisa apontam que a independência do conselho de administração tem impacto positivo tanto no índice de evidenciação relativo à dimensão total, quanto no índice de evidenciação relativo à dimensão ambiental e dimensão social. Além da independência, os resultados mostraram que a atividade do conselho de administração apresenta influência, desta vez negativa, no índice de evidenciação relativo à dimensão total e dimensão ambiental.

O estudo mostra que os conselheiros independentes impactam positivamente no índice de evidenciação das práticas sociais e ambientais. Já a atividade do conselho de administração influencia negativamente na evidenciação. Sugere-se que um conselheiro independente está mais inclinado a uma boa cidadania e ao desenvolvimento de agendas de RSC nas empresas, ou seja, uma visão para além do desempenho financeiro. Quanto à atividade, acredita-se que um excessivo número de reuniões do conselho é uma indicação de má notícia ou a necessidade de severo monitoramento das atividades da empresa.

Jizi, M. (2017). The influence of board composition on sustainable development disclosure. Business Strategy and the Environment, 26(5), 640–655. Jizi, M. I., Salama, A., Dixon, R., & Stratling, R. (2014). Corporate governance and corporate social responsibility disclosure: evidence from the US banking sector. Journal of Business Ethics, 125(4), 601–615. Rao, K., & Tilt, C. (2016). Board composition and corporate social responsibility: the role of diversity, gender, strategy and decision making. Journal of Business Ethics, 138(2), 327–347.