1 - Kelly Cristiny Chinelato Sacramento Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA - São Paulo
Reumo
A visão baseada em recursos (RBV) é uma teoria de estratégia que propõe que a fonte primordial de vantagens competitivas seriam rendas ricardianas, advindas da posse e utilização de recursos raros, valiosos e custosos de serem transferíveis e replicáveis. A comunicação é considerada elemento essencial para o sucesso das empresas. Embora os líderes tenham consciência sobre o papel central da comunicação de estratégias em suas atribuições, a forma como tal impacto se desdobra nas rotinas da organização ainda não é claro.
O objetivo deste estudo é discutir a comunicação como um recurso com potencial de geração de vantagem competitiva, fundamental para a implementação estratégica. Valendo-se dos critérios propostos por Barney (1991), propõe-se um diálogo articulado entre diferentes autores e teorias de comunicação e estratégia, com o intuito de aprofundar a compreensão acerca do papel da comunicação na RBV. Paralelamente, esta pesquisa responde aos chamados de Carton, Murphy e Clark (2014) pela avaliação de novas variáveis, em nível individual, que possam afetar a relação entre a retorica do líder
A comunicação interna pode ser definida como o “espectro completo de atividades de comunicação, tanto formais quanto informais, executadas pelos seus membros com o objetivo de divulgar informações a uma ou mais audiências dentro da organização”. Considerada elemento essencial para o sucesso das empresas, está associada a níveis mais altos de eficácia e desempenho organizacional. Assim, a comunicação emerge como um recurso com potencial de geração de vantagem competitiva, por ser concomitantemente um recurso valioso e raro, bem como custoso de ser transferível e replicável.
A análise conjunta do diálogo articulado proposto expõe que a comunicação é um recurso de valor, raro, difícil de ser imitado e que permeia toda a organização. Catálise da criação de valor ocorre via engajamento de funcionários, aprendizagem corporativa, captura de estratégias emergentes e tomada de decisão, por exemplo. Sua raridade é corroborada por resultados empíricos. Ademais, é um constructo complexo e dinâmico, composto por todas as atividades formais e informais utilizadas pelos membros de uma organização, com o propósito de disseminar informação entre si, permeando toda a organização
Ainda que os principais autores dediquem-se à análise de um único aspecto, a análise conjunta da literatura demostra que a comunicação, quando estudada de forma articulada à estratégia torna-se ainda mais relevante para a execução das rotinas e heurísticas organizacionais, bem como para obtenção da performance esperada e com resultados consistentes. Dessa forma, mapear, entender e propor heurísticas que melhorem a comunicação interna, principalmente junto aos líderes e seus objetivos estratégicos, contribuiriam diretamente para a geração de vantagem competitiva sustentável às organizações.
Barney, 1991; Coleman, 1988; Teece, Pisano & Shuen, 1997; Li, Guohui & Eppler, 2008; Acuña et al., 2017; Desmid & George, 2016; Carton, Murphy & Clark, 2014; Alchian & Demsetz, 1972; Barney & Felin, 2013; Lindenberg & Foss, 2011; Lindenberg & Steg, 2007; Thornton et al., 2013; Ho et al.., 2014; Martins et al., 2015; Hossain & Hossain, 2017; Carriere & Bourque, 2009; Argenti, 2016; Zerfass & Viertmann, 2017; Zerfaz & Volk, 2018; Lê & Jarzabkowski, 2015; Tântalo & Priem, 2016; Pallas & Svensson, 2016; Davis, Allen & Dibrell, 2012; Galunic & Hermreck, 2012; Hill, Seo, Kang e Taylor, 2012