Resumo

As práticas gerencias nas organizações públicas federais de ensino estão sendo realizadas sem planejamento, para resolver situações imediatas e de forma improvisada, com peculiaridade que aumentam o conflito e as contradições no exercício da função gerencial (MARRA; MELO, 2005). Nesse contexto os gestores têm um papel decisivo, pois os mesmos são cruciais no intuito de desenvolver potenciais dos servidores e são responsáveis, também, pelo melhoramento de processos, objetivando, com isso, alcançar um desempenho satisfatório, exigido pela sociedade (COTRIM FILHO; FARIAS, 2013).

Diante do exposto, remete-se à questão central desta pesquisa: como se encontra configurado o perfil de competências gerenciais de gestores de instituições federais de educação brasileiras à luz do modelo da abordagem de valores concorrentes na gestão de Quinn et al. (2015)? Para tanto se buscou investigar a configuração do perfil de competências gerenciais nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, conforme a abordagem de valores concorrentes proposta por Quinn et al. (2015), analisando o perfil de competências gerenciais associadas a cada modelo.

Considerando que as competências organizacionais se desdobram em competências coletivas e individuais, podem-se definir e entender quais os conhecimentos, habilidades e atitudes esperadas dos gestores enquanto competências gerenciais (MOURA; BITENCOURT, 2006). Tais competências são particularistas, situadas, contextuais e socialmente construídas (SEATE; POOE; CHINOMONA, 2016). A ideia da estrutura de valores concorrentes é dar respostas complexas a situações complexas, as competências específicas são ações em que os gestores necessariamente, precisam se envolver (QUINN et al., 2015).

Quanto à forma de abordagem do problema, essa pesquisa classifica-se como quantitativa, quanto aos objetivos possui natureza essencialmente descritiva. O universo populacional é constituído pelos 38 Institutos Federais de Educação, tendo como sujeitos os ocupantes do cargo de Direção Geral de todos os 602 campi. Como padrão teórico o modelo de Quinn et al. (2015) foi usado para aplicar 350 questionários autoadministrados com perguntas fechadas, baseado em quatro imperativos de ação e 20 competências específicas.Usou-se da estatística descritiva e da análise fatorial para a descrição dos dados.

Os gestores pesquisados perceberam-se com um maior nível de domínio das competências relacionadas ao modelo de sistema aberto, apresentando média de 3,91 e com o menor nível de domínio para o modelo de processos internos, com média de 3,61. Já quando a análise é voltada para a frequência de uso das competências gerenciais de cada modelo é nítido o direcionamento para o modelo de relações humanas com uma média de 4,17 e o modelo de processos internos apresentando a menor média, 3,89, assim como aconteceu no nível de domínio. Usando mais as competências gerenciais do que domínio sobre elas.

O perfil dos gestores converge para o modelo de relações humanas no nível de frequência de uso e no nível de domínio a tendência se volta para o modelo de sistema aberto.No geral os gestores de campi dos IF's usam as competências no dia a dia de suas atividades, porém, não demonstram capacidade conceitual e prática sobre as mesmas em igual proporção, existindo um hiato considerável de percepção de diferenças.A valorização e o distanciamento, em termos de resultado de médias de determinadas competências dentre os fatores do modelo pode ser representativa de um perfil que está em zona positiva.

QUINN, Robert E. et al. Competências gerenciais: a abordagem de valores concorrentes na gestão. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. SEATE, B. M; POOE, R. I D; CHINOMONA, R. Seate The relative importance of managerial competencies for predicting the perceived job performance of Broad-Based Black Economic Empowerment verification practitioners. SA Journal of Human Resource Management, v. 14, n. 1, 2016. MOURA, M. C. C. de; BITENCOURT, C. C. A articulação entre estratégia e o desenvolvimento de competências gerenciais. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 5, n. 1, jan./jun., 2006.