Resumo

A intenção empreendedora pode ser considerada o principal fenômeno para entender e compreender o processo do empreendedorismo como um todo. As pesquisas sobre a intenção empreendedora abordam, de um modo geral, uma determinada população específica. Diante disso, percebe-se então que pesquisas comparativas entre países (cross-cultural) permitem enriquecer estudos e analisar contextos culturais distintos relacionados à intenção empreendedora.

Ao considerar a intenção empreendedora e o contexto cultural, emerge o seguinte questionamento para este estudo: Quem são os universitários brasileiros e portugueses com intenção empreendedora? Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo verificar a influência do perfil dos universitários brasileiros e portugueses na intenção empreendedora.

Estudos e discussões sobre a intenção empreendedora vêm ganhando visibilidade e relevância a partir, principalmente, das duas últimas décadas do Século XX, como por exemplo os trabalhos de Shapero e Sokol (1982), Davidsson (2005), Carvalho e González (2006), Teixeira e Davey (2010) e Krueger (2017). Existem fatores externos e individuais que influenciam a atitude-intenção comportamental, e que são abordados em estudos referentes à intenção empreendedora, visto que têm como foco predizer aspectos comportamentais que procuram evidenciar as intenções por meio de perfis, atitudes e comportamentos.

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de natureza descritiva, com dados coletados por meio de um survey intencional junto a 397 universitários brasileiros (Universidade Federal do Ceará) e portugueses (Universidade do Algarve). Adotou-se um conjunto de itens, abordando as características sociodemográficas e a experiência profissional dos pais, com bases metodológicas em Carvalho e González (2006) e Thompson (2009). Para o tratamento dos dados, utilizaram-se, além da estatística descritiva e inferencial, modelos de regressão logística.

Os resultados permitiram apontar: (i) amostra brasileira – influência positiva da experiência profissional (Proprietário de uma empresa) na intenção empreendedora, e influência negativa para o sexo (feminino), Experiência dos Pais (pelo menos um já foi empreendedor) e (nenhum nunca foi empreendedor) na intenção empreendedora; e (ii) amostra portuguesa, verifica-se que há uma influência negativa para o ano em que entrou na universidade na intenção empreendedora, ou seja, quanto mais recente o ano em que este entrou na universidade, menor a sua intenção empreendedora.

Este estudo teve como principal diretriz verificar a influência do perfil dos universitários brasileiros e portugueses na intenção empreendedora. Em uma perspectiva central, foram retratados os perfis dos universitários de duas Universidades (uma no Brasil e outra em Portugal), em que a metodologia aplicada se mostrou pertinente às análises e permitiu verificar tais influências. Os resultados contribuem para ampliar o conhecimento sobre a intenção empreendedora, essencial para se compreender o empreendedorismo, entre países distintos, e isto possibilita recomendações para pesquisas futuras.

Carvalho, P., & González, L. (2006). Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, 43-65. Saeed, S., Yousafzai, S. Y., Yani‐De‐Soriano, M., & Muffatto, M. (2015). The role of perceived university support in the formation of students' entrepreneurial intention. Journal of Small Business Management, 53(4), 1127-1145. Thompson, E. R. (2009). Individual entrepreneurial intent: Construct clarification and development of an internationally reliable metric. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(3), 669-694.