Resumo

Título do Artigo

ABORDAGENS PARADIGMÁTICAS E A TEORIA DO CAPITAL SOCIAL
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Paradigmas Sociológicos
Capital Social
Pressupostos Metateóricos

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens e Teorias organizacionais Contemporâneas

Autores

Nome
1 - Sidnei Gripa
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Blumenau
2 - MARCIA ZANIEVICZ DA SILVA
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Blumenau
3 - Jonas Cardona Venturini
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Sociologia
4 - Luciano Castro de Carvalho
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Blumenau

Reumo

A matriz paradigmática defendida por Burrel e Morgan (1979) está apoiada nas concepções de Kuhn (1975) sobre a incomensurabilidade dos paradigmas (SCHULTZ; HATCH, 1996; DE PAULA, 2016). Outra corrente de estudos formadas por autores como Gioia e Pitre (1990), Hassard (1991), Parker e Mchugh (1991), Schultz e Hatch (1996), Lewis e Grimes (1999), não aceita o argumento da incomensurabilidade dos paradigmas, pois acreditam que os limites paradigmáticos são permeáveis. Mesmo após a popularidade da Teoria do Capital Social, percebe-se um conflito paradigmático nas bases teóricas.
Na literatura sobre a Teoria do Capital Social (TCS) parece não haver convergência em relação as suas bases paradigmáticas. Três questões direcionam as contribuições desse estudo teórico: a) Como surgiu e como se estabeleceu a TCS? b) Com base nos estudos seminais de Bourdieu, Coleman, Putnam e Ghoshal, pode-se classificar a TCS como multiparadigmática? c) Qual é a predominância paradigmática da TCS tendo com base os estudos seminais? O objetivo deste ensaio teórico é realizar uma avaliação paradigmática dos estudos seminais da TCS.
Burrel e Morgan (1979) conceberam uma abordagem paradigmática para a teoria social que a divide em diferentes conjuntos de pressupostos metateóricos sobre a natureza da ciência social e sobre a natureza da sociedade. Sistematizada por Bourdieu, a TCS ganha notoriedade a partir dos estudos seminais de Bourdieu (1979, 1980) e Coleman, (1986, 1987, 1988). Em seguida, cientistas políticos (PUTNAM, 1993; FUKUYAMA, 1995), teóricos organizacionais (NAHAPIET; GHOSHAL, 1997; TSAI; GHOSHAL, 1998) adotaram a TCS como referência à busca de respostas para uma gama de questões (ADLER; KWON, 2002).
Este ensaio teórico contribui para a literatura da Teoria do Capital Social e dos estudos organizacionais à medida que classifica os estudos seminais da Teoria do Capital Social em paradigmas distintos, servindo de subsídios para utilização em estudos futuros. Verifica-se que o conceito do Capital Social pode ser aplicado nos níveis individual, grupal, organizacional e até mesmo do país. Portes (2000, p. 138) pontua que “há um consenso geral de que o Capital Social se refere à capacidade dos atores em garantir benefícios por meio da integração em redes sociais ou outras estruturas sociais”.
Percebe-se que a Teoria do Capital Social é multipadigmática, já que há características distintas na obra de Bourdieu, em relação ao pressuposto da natureza humana e principalmente características da sociologia da mudança radical, em comparação com Coleman, Putnam e Ghoshal. Contudo constata-se uma predominância paradigmática funcionalista. As constatações deste estudo contrapõem a tese defendida por Burrel e Morgan (1979, p. 1), de que “todas as teorias organizacionais são baseadas em uma filosofia da ciência e em uma teoria da sociedade”.
BOURDIEU P. Le capital social. In: Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 31, janvier 1980. Le capital social. pp. 23. BURREL, G.; MORGAN, G. Elements of sociology and corporate life. Sociological Paradigms and Organisational Analysis, 1979. COLEMAN, J. S. Social capital in the creation of human capital. American journal of sociology, v. 94, p. S95-S120, 1988. NAHAPIET, J.; GHOSHAL, S. Social capital, intellectual capital, and the organizational advantage. The Academy of Management Review, Vol. 23, No. 2. pp. 242-266, 1998.