Resumo

As constantes mudanças que ocorrem no mundo produzem consequências para a sociedade, mas também para a dinâmica e funcionamento das organizações. (QUEIROZ; QUEIROZ; MARQUES, 2017). Os vínculos que o trabalhador cria e consolida com a organização repercutem na produtividade desse e da organização. Um desses vínculos é o comprometimento organizacional (BASTOS, 1993), e seu estudo vem sendo considerado essencial para o atingimento de melhores desempenhos por parte dos trabalhadores e organização (CUNHA; BACINELLO; KLANN, 2016). Mas, no âmbito da universidade pública os estudos são limitados.

Os(As) gestores(as) acadêmicos(as) se sentem comprometidos com a universidade que trabalham? Este estudo objetiva analisar o construto comprometimento organizacional dos(as) coordenadores(as) de cursos de graduação da UFPel à luz do modelo tridimensional de comprometimento organizacional de Meyer e Allen (1991). Analisa-se o nível (baixo, moderado ou elevado) dos componentes afetivo, instrumental e normativo do comprometimento organizacional dos(as) coordenadores(as); como meio de contribuir para melhor entendimento do comprometimento organizacional na universidade pública.

A origem do construto comprometimento organizacional a partir da psicologia (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010; SIQUEIRA, 2002, 2008). Os conceitos (MOWDAY; STEERS; PORTER, 1978; RODRIGUES; BASTOS, 2013; Becker, 1960; MEYER; ALLEN, 1991) observando que comprometimento organizacional é a relação afetiva do trabalhador com a organização, custos e prejuízos que deve arcar ao deixar a organização e o sentimento de dever ou obrigação de permanecer na organização. O comprometimento organizacional na universidade pública (ROWE; BASTOS; PINHO, 2011; BALSAN et al., 2016; QUEIROZ; QUEIROZ; MARQUES, 2017).

A pesquisa quantiqualitativa foi realizada com 80 coordenadores(as) de cursos de graduação da UFPel. Aplicou-se questionário contendo o perfil sociodemográfico e a escala de comprometimento organizacional de Meyer, Allen e Smith (1993). O questionário foi enviado via email utilizando-se a ferramenta “Google Forms” e houve visitas in loco que possibilitaram responder o questionário na forma impressa. Para as respostas, foi empregada escala Likert de cinco pontos, de discordo a concordo totalmente. Utilizou-se de estatística descritiva e triangulação dos resultados com a teoria sobre o tema.

A população está dividida entre homens (45,45%) e mulheres (54,55%), com idade entre 36 a 40 anos. A maioria de raça branca, estado civil “casado” e com um(a) filho(a). A formação mais expressiva foi a de “Ciências Exatas e da Terra”, a titulação dominante é a de “Doutorado” e, houve o predomínio de coordenadores com mais de dez anos. O comprometimento afetivo é predominante corroborando com outros estudos no âmbito das universidades (ROWE; BASTOS; PINHO, 2011, BALSAN et al., 2016, MARTINS; SANT’ANA, 2014). O comprometimento organizacional instrumental é baixo e o normativo é moderado.

É importante o olhar atento dos dirigentes da UFPel sobre a realidade encontrada. Os coordenadores são essenciais na complexa relação estudante-universidade. A sobrecarga de trabalho e a justificativa dessa para não participar da pesquisa indica atenção por parte da gestão universitária. A vida profissional e a vida pessoal, mesmo distintas, exercem influências recíprocas entre si. A melhor distribuição das tarefas entre coordenadores(as) e demais servidores pode minimizar o excedente de trabalho. Ações sugeridas passam pela capacitação desses gestores acadêmicos sobre ferramentas de gestão.

BECKER, H. S. Notes on the concept of commitment. American Journal of Sociology, Chicago, v. 66, n. 1, p. 32-40. MEYER, J. P.; ALLEN, N. J. A three-component conceptualization of organizational commitment. Human Resource Management Review, University of Western Ontario, Greenwich, 1991, n. 1, p. 61-89. QUEIROZ, S. W. P.; QUEIROZ, J. F. C.; MARQUES, E. V. Comprometimento organizacional dos docentes de uma IFETT. In: XX SemeAd /SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, São Paulo. Anais. SIQUEIRA, M. M. M. (2002). Medidas do Comportamento Organizacional. Estudos de Psicologia, São Paulo, n. 07, p.11-18.