Resumo

Os referenciais mundiais atrelados às ocorrências nacionais despertam a atenção para mudanças ocorridas nas relações de trabalho e do emprego formal, abrindo espaços para discussões sobre a inserção do tema empreendedorismo no contexto escolar, como sugerido no relatório do GEM (2017). Tais ações objetivando a inclusão da teoria, prática e experimentação do empreendedorismo nos processos de formação possibilitariam segundo Araújo e Davel (2018), meios para “transformação e a reinvenção da sociedade contemporânea”.

Diante deste desafio, este estudo assume a seguinte questão problematizadora: como se manifesta a transversalidade do tema empreendedorismo na formação de estudantes de graduação tecnológica? Na busca de respostas para a pergunta, este artigo tem como objetivo identificar como o tema empreendedorismo se insere no processo de formação profissional de graduação tecnológica.

Como um processo evolutivo, o empreendedorismo propicia um vasto campo para pesquisas e discussões relacionadas ao comportamento do sujeito frente às inovações e mudanças nos processos de produção e comercialização de bens e serviços, assim como, na atuação do empreendedor dentro e fora das organizações (DOLABELA, 2006). A crescente demanda advinda do setor produtivo levou a consolidação na década de 1970 da oferta dos cursos superiores de tecnologia na educação brasileira, destacando que a inovação nos modos de produção exigia dos trabalhadores um contínuo processo de qualificação.

O estudo adotou a abordagem qualitativa pela perspectiva de se investigar do fenômeno, que nesta pesquisa, relaciona-se à compreensão docente sobre a importância da educação empreendedora na formação de graduação tecnológica. Para instrumento de investigação, utilizou-se a entrevista em profundidade, norteada por um roteiro semiestruturado.

Percebeu-se a preocupação com a educação para o empreendedorismo vinculada ao processo de adequação às atuais conjunturas da sociedade, bem como as condições de crise e desigualdade sociais apresentadas. Pode-se supor que o uso da transversalidade na integração da educação empreendedora represente uma alternativa viável no desenvolvimento de competências que habilite o sujeito para o enfrentamento da realidade e para o atendimento as demandas impostas pela sociedade.

Percebeu-se que a educação empreendedora é compreendida por todos os participantes da pesquisa como um fator de relevância no cenário econômico e social, sendo capaz de promover mudanças no comportamento e posicionamento do sujeito. Destacou-se a importância da formação empreendedora nos cursos de graduação tecnológica, considerado como momento oportuno para o desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes e valores que os capacite para o enfrentamento das situações impostas pelas mudanças ocorridas na sociedade.

ARAUJO, Gracyanne Freire de; DAVEL, Eduardo. Educação Empreendedora, experiência e John Dewey. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração. Rio de Janeiro, v. 12 n. 4, 1-16, 2018. DOLABELA, Fernando; FILION, L. J. Fazendo revolução no Brasil: a introdução da pedagogia empreendedora nos estágios iniciais da educação. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 3, n.2, 2013. SCHAEFER, Ricardo; MINELLO, Italo Fernando. Educação empreendedora: premissas, objetivos e metodologias. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 10, n. 3, p. 60-81, 2016.