Resumo

A partir da compreensão da organização de ensino como um sistema aberto e dinâmico, tensionado por inúmeros fatores, em que a multiplicidade de relações e interações é inerente ao seu funcionamento, o presente estudo objetivou compreender e explorar a contribuição do Design Thinking (DT) para a inovação na gestão estratégica em educação. A pesquisa, qualitativa e de caráter exploratório, feita em uma instituição de ensino privada, no RS analisou dados emergentes do caso, além da análise de práticas de DT em outras três instituições de ensino internacionais (benchmarking).

A Escola, caso deste estudo, surgiu na década de vinte, em um bairro tradicionalmente judaico, da cidade de Porto Alegre. Desde seu início, destaca-se por incentivar, alunos e professores, a utilizarem sua criatividade e dinamismo com ousadia e experimentação. O Planejamento Estratégico de 2008, reforça o posicionamento da Instituição frente à sua comunidade e ao mercado, ampliando seu o percentual de alunos não-judeus. Assim, se intensifica a busca pela inovação e pelo diferenciado reconhecimento da escola na sociedade.

Organizações educativas são sistemas desafiadores para a gestão, que além de lidar com a complexidade das relações de aprendizagem, precisam inovar e diferenciarem-se constantemente. Partindo do Projeto Político–Pedagógico da escola, que tem base conceitual mais ampla e sistêmica, buscou-se compreender e explorar como o DT pode permitir aos gestores identificar oportunidades de projetos e práticas inovadoras, disseminando a proposta de valor e mapeando pontos de ação na gestão estratégica escolar.

Foi desenvolvido um Seminário com aplicação de questionário individual e condução de atividades em grupo, intencionando compreender os processos de gestão e entendimento acerca dos conceitos relacionados ao DT sob a ótica dos colaboradores da escola. Juntou-se a isto, a visitação e entrevistas com gestores, em escolas com práticas inovadoras de gestão: Team Academy (Espanha), KaosPilot (Dinamarca) e Schumacher College (Inglaterra), para melhor compreender a contribuição do DT em organizações educativas.

O benchmarking permitiu identificar 17 princípios e elementos do DT, sendo que destes, apenas 4 não foram observados, igualmente, nas 3 escolas internacionais. Além disso, o caso da escola gaúcha reforça a ideia de que as relações, em organizações de ensino, envolvem diferentes agentes, saberes, tempos e espaços de interação, e neste contexto, o DT convida a um redimensionamento da abordagem de gestão, e representa uma alternativa para tensionar a tradicional abordagem corporativa, que em grande parte das escolas ainda mantem o foco no processo em detrimento de seus atores.

O trabalho contribui para confirmar a necessidade da interconectividade entre a estratégia e a seleção de escolhas que promovam o protagonismo, a circulação de saberes e a colaboração das pessoas nas organizações educativas. A inserção do DT na dinâmica de gestão, confirma-se como um recurso estratégico para a inovação em educação. Nesse sentido, compreende-se que o sucesso de uma projeção de visão de futuro nas escolas depende, em grande parte, da capacidade dos gestores de criar um ambiente onde as aspirações e inspirações sejam compartilhadas e promovam o engajamento.