Resumo

Compreender o processo de aprendizagem nas organizações, no desenvolvimento das pessoas, mostra-se relevante e implica reconhecer os seus diferentes níveis (individual, grupal e organizacional) e as interações entre eles (ANTONELLO, 2007) para propiciar às organizações tornarem-se mais competitivas e inovadoras. Nesse sentido, as organizações públicas não se distinguem das privadas, pois a maneira pela qual os servidores públicos aprendem a aprender possibilita substituir o modelo taylorista de trabalho por um modelo que permita ao trabalhador mais autonomia.

Esta pesquisa responde à seguinte pergunta de pesquisa: como os trabalhadores concebem o processo de aprendizagem, individual e coletivo, do trabalho que realizam e o desenvolvimento de suas competências profissionais na sua prática de trabalho em uma organização pública? Para tanto, se teve como objetivo final configurar e descrever as concepções dos trabalhadores sobre a aprendizagem na sua prática de trabalho e como objetivos intermediários realizar uma revisão integrada de literatura dos conceitos de aprendizagem e apontar as implicações teóricas e práticas dos resultados da pesquisa.

A abordagem sociológica da aprendizagem organizacional - AO sustenta que esta se desenvolve como uma construção social, enfatizando a participação e a interação das pessoas em um contexto social. Desta maneira, ao afirmar a existência de diferentes níveis da AO (ANTONACOPOULOU, 2006) significa assumir que não somente os indivíduos aprendem, mas também se aprende nos grupos inseridos nas organizações. A reflexão compõe o processo de aprendizagem individual e ao compartilhá-la mediante reflexa pública propicia-se ao grupo aprender de forma coletiva (RAELIN,2001).

Esta pesquisa fenomenográfica, de abordagem interpretativista qualitativa, foi realizada adotando como estratégia um estudo de caso único e tendo como unidade de análise o grupo de vinte e cinco trabalhadores da área de patrimônio dos oito campi do CEFET/RJ. Para coletar os dados, entrevistou-se quinze trabalhadores, realizou-se observação participante em cinco reuniões destes trabalhadores e pesquisa documental.

Da análise indutiva fenomenográfica dos dados empíricos foram descritas e configuradas quatro concepções do fenômeno da aprendizagem individual e coletiva na área de patrimônio do CEFET/RJ, decorrentes da vivência na prática cotidiana. Estas foram representadas mediante metáforas do processo de aprendizagem: (A) Montando o quebra-cabeça; (B) Vivendo e aprendendo; (C) A dificuldade é um professor severo; e (D) Várias cabeças pensam melhor do que uma. Juntas, as concepções permitem apreender em sua totalidade e ampliar a compreensão do significado do fenômeno vivenciado para estes trabalhadores.

As quatro concepções e suas interrelações permitiram responder à questão de pesquisa evidenciando que os trabalhadores vivenciam diferentemente o mesmo fenômeno, qual seja a aprendizagem individual e a coletiva. Foi possível pelas concepções, revelar o significado múltiplo e de mútua influenciação atribuído pelos trabalhadores da área de patrimônio do CEFET/RJ ao processo de aprendizagem do trabalho que realizam, revelando “o quê” e “como” o mesmo se realizou para estes trabalhadores, ao invés de entender apenas o quanto estes trabalhadores aprendem.

ANTONACOPOULOU, E. P. The relationship between individual and Organizational Learning: New evidence from managerial learning practices. Management Learning Journal, v. 37, n.4, p. 455-473, 2006. ANTONELLO, C. S. O Processo de Aprendizagem Interníveis e o Desenvolvimento de Competências. RBGN, v.9, n. 25, p.39-58, set/dez. 2007. RAELIN, J. A. Public reflection as the basis of learning. Management learning, v. 32, n. 1, p. 11-30, 2001.