Resumo

Um dos principais pilares dessa discussão envolve a proposta de desenvolvimento sustentável que depende da capacidade das sociedades de se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer bom uso da natureza, visando conciliar o crescimento econômico, a conservação dos ecossistemas e a justiça social. Um dos principais objetivos desta proposta, presente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030 (UNITED NATIONS, 2015), é a modificação dos padrões de produção e consumo que são considerados insustentáveis. Um ícone do consumo brasileiro são as sacolas plásticas.

Diante do exposto, o objetivo deste artigo foi analisar o processo de promoção do consumo sustentável adotados no Programa de Redução do Consumo de sacolas plásticas nos supermercados na cidade de Xanxerê – SC, a partir dos papéis trissetoriais identificados na literatura. A escolha deste caso empírico ocorreu em função deste programa de redução de consumo de sacolas plásticas ser o pioneiro no Brasil e referenciado pelo Ministério do Meio Ambiente como caso de sucesso, o que ocorreu a partir da atuação dos atores de governo, empresas e da sociedade civil.

Evidências demonstram que as melhorias na eficiência dos recursos de um produto, como a redução na economia de energia industrial e na emissão de poluentes, tem sido frequentemente prejudicada por efeitos de ricochete decorrentes do aumento nos níveis de consumo (FUCHS; LOREK, 2005; CLARK, 2007). A lógica de mercado que defende a garantia do direito ao consumidor de fazer escolhas eficientes, transfere a responsabilidade do consumo sustentável para a sua ação individual em fazer as escolhas de consumo (JACKSON, 2006), como se apenas fossem os consumidores que determinam os padrões de consumo.

Realizou-se um estudo de caso de natureza exploratória e descritiva que é considerado o método mais apropriado para questões que envolvem o “como” e o “por que” (YIN, 2010). A abordagem adotada foi qualitativa com intuito de confrontar os papéis trissetoriais de promoção do consumo sustentável e as práticas envolvidas no programa de redução do consumo de sacolas plásticas em Xanxerê - SC. Na coleta de dados foram utilizadas as técnicas de análise documental e a realização de entrevistas semiestruturadas online. Adotou-se como método a análise de conteúdo (BARDIN, 2011).

Os resultados demonstram a relevância da articulação entre os atores representantes dos três setores nas mudanças das práticas de consumo de sacolas plásticas que ocorreram no caso investigado. Isto reforça o argumento de que as mudanças no comportamento dos consumidores só ocorrem, provavelmente, se existirem esses três componentes: motivação/intenção, capacidade e oportunidade (TUKKER et al., 2008), o quais poderão ser alcançados a partir dos papéis analisados neste estudo. Além disto, constatou-se a importância que as empresas possuem para liderar iniciativas que promovam mudanças.

Pôde-se perceber que um dos principais aspectos que envolvem o êxito alcançado no programa de redução de consumo de sacolas plásticas na cidade de Xanxerê – SC foi o envolvimento do governo municipal, da promotoria pública, das empresas e das entidades da sociedade civil, a partir da construção de espaços de diálogos e negociação para gerar alternativas viáveis e promover uma mudança cultural com foco na sensibilização quanto aos benefícios socioambientais que seriam alcançados. As evidências demonstraram que não há uma nítida separação entre a atuação dos atores e os níveis de atuação.

BARBER, Jeffrey. Mapping the movement to achieve sustainable production and consumption in North America. Journal of Cleaner Production, v. 15, n. 6, p. 499-512, 2007. OLIVEIRA, Verônica Macário de; et al. . Papéis dos governos para promover o consumo sustentável no contexto brasileiro: uma nálise a partir do método Policy Delphi. VII ENAPG, 2016, São Paulo. Anais do VII ENAPG, 2016. OLIVEIRA, Verônica Macário de et al. Os papéis da sociedade civil como protagonista no processo de promoção do consumo sustentável: uma análise baseada na percepção de especialistas brasileiros. O&S. 2018a.