Resumo

O guia SDG Compass foi lançado com a finalidade de auxiliar as organizações a alinharem suas práticas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As diretrizes reúnem cinco etapas para que as corporações maximizem suas contribuições em relação a cada um dos 17 ODS. Contudo, a ausência de uma orientação clara sobre como atingir o desenvolvimento sustentável nas empresas faz com que o guia da ONU permaneça como uma diretriz superficial, não se tornando muitas vezes componente crítico da estratégia central dos negócios.

Sabe-se que a aderência às diretrizes do SDG Compass está limitada à disponibilidade de ferramentas aplicáveis, de modo que facilite a implementação dos ODS nas organizações. Dessa maneira, o presente estudo busca responder à seguinte pergunta de pesquisa: quais ferramentas gerenciais podem contribuir para a implementação do SDG Compass? Assim, o presente estudo busca verificar quais ferramentas metodológicas podem contribuir para que, de fato, as empresas consigam implementar as diretrizes propostas pelo guia.

A partir do SDG Compass, tem-se que o Entendimento dos ODS pode ser facilitado por meio da teoria de criação de conhecimento organizacional (Nonaka, 1994). Na Definição de Prioridades, o modelo de Porter e Kramer (2006) já está consolidado na literatura. Para a Definição de Metas, o BSC é apontado como ferramenta largamente utilizada pelas organizações (Kaplan & Norton, 1992). Na Integração, o método de Mirvis e Govins (2006) auxilia na avaliação da integração da sustentabilidade. Por fim, para o Relato, a GRI e o RI são apontadas como as ferramentas mais avançadas (GRI, 2015; RIBrasil, 2016).

O presente trabalho tem caráter qualitativo, tendo como estratégia de pesquisa o estudo de caso (Yin, 2010). A empresa escolhida para o estudo foi a CPFL Energia, devido ao seu pioneirismo na promoção dos valores da sustentabilidade no setor elétrico brasileiro. A pesquisa foi realizada a partir da coleta de dados primários, por meio de entrevistas em profundidade semiestruturadas, observação não participante do ambiente de trabalho da empresa, além de dados secundários por meio de revisão teórico bibliográfico e análise documental.

Como resultado, verificou-se que as etapas sugeridas pelo SDG Compass não representam necessariamente uma sequência linear, estando atreladas a aspectos que incluem as especificidades do negócio e o posicionamento estratégico da organização quanto à sustentabilidade. Adicionalmente, foi desenvolvido framework para auxiliar as empresas na implementação do SDG Compass. O modelo proposto foi elaborado a partir da adaptação do ciclo PDCA, ferramenta de gestão da qualidade, às ferramentas metodológicas levantadas e analisadas na empresa em estudo.

Como contribuição teórica, ressalta-se o embasamento da literatura no delineando das ferramentas metodológicas adequadas para cada dimensão proposta no SDG Compass. As contribuições práticas estão presentes na proposição do modelo que integra gestão e ferramentas de suporte para auxiliar as organizações na implementação do SDG Compass e integração dos ODS à sua gestão estratégica.

CPFL. (2017). Relatório Anual 2017. CPFL Energia. Disponível em:https://www.cpfl.com.br/institucional/relatorio-anual/Documents/relatorio-anual-2017.pdf Deming, W. E. (1986). Out of Crisis. Cambridge: Cambridge University Press. UNGC, GRI & WBCSD (2015). SDG Compass: the guide for business action on the SDGs. Global Reporting Initiative, United Nations Global Compact & World Business Council for Sustainable Development. Sept/2015. Yin, R.K. (2010) Estudo de caso: planejamento e métodos. 4.ed. Porto Alegre: Bookman