Resumo

Título do Artigo

UMA ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS BRASILEIRAS PELA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Riqueza criada
contabilidade
econômico-social

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Paola Richter Londero
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEA
2 - Lívia Maria Lopes Stanzani
FEA-RP/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto- Universidade de São Paulo
3 - Ariovaldo dos Santos
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEA

Reumo

Há uma crescente demanda por ferramentas que evidenciem os impactos sociais e econômicos gerados pelas organizações. Essa necessidade é intensificada nas cooperativas, por serem entidades singulares que apresentam objetivos econômicos e sociais (Ménard, 2011). Assim, reconhecer, mensurar e comunicar o desempenho econômico e social é primordial nessas entidades, pois auxilia a obter a fidelização dos cooperados, assegurar transações econômicas e demonstrar as contribuições que as cooperativas promovem. Para tanto, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) se mostra um instrumento bastante útil.
É necessário compreender como as cooperativas criam e distribuem valor para a sociedade (Bialoskorski Neto, 2012). Assim, pergunta-se: as cooperativas agropecuárias brasileiras apresentam estrutura singular de criação e distribuição de valor aos agentes econômicos, quando comparada às demais empresas de finalidade lucrativa? Logo, o objetivo é avaliar a criação de riqueza pelas cooperativas agropecuárias brasileiras e a sua distribuição aos agentes econômicos que ajudaram a criá-la, comparando o processo ao das empresas de finalidade lucrativa que atuam no agronegócio.
As cooperativas são organizações econômicas intermediárias de mercado, formadas para atender tanto às aspirações econômicas quanto sociais de seus membros (Bialoskorski Neto, 2012). A DVA, por sua vez, mostra-se um excelente instrumento de análise de desempenho para essas entidades ao evidenciar a criação e a distribuição da riqueza gerada entre os agentes econômicos. Devido a sua finalidade social e econômica, a DVA permite a análise de desempenho de forma comparativa, além de evidenciar o relacionamento da entidade com a sociedade na qual a mesma está inserida (Santos & Hashimoto, 2003).
A pesquisa aplica a metodologia survey a partir da utilização de dados secundários, provenientes do banco de dados utilizado para a edição do anuário “Melhores e Maiores”. A amostra compreende 1.368 observações, contendo cooperativas e empresas com finalidade lucrativa listadas no Ranking das 400 maiores do agronegócio brasileiro, entre o período de 2010 a 2016. A análise foi embasada em indicadores de criação e distribuição de riqueza, construídos a partir dos componentes da DVA. Para verificação das hipóteses, foi utilizado o teste estatístico Mann-Whitney.
Com base na riqueza criada líquida, as cooperativas não contribuíram significativamente para o setor agropecuário, na maioria dos anos. No que tange à distribuição da riqueza criada, tanto as cooperativas quanto as demais empresas têm os colaboradores como principal grupo de destinação. A parcela distribuída para pessoal, governo e capital de terceiros nas cooperativas não foi significativamente diferente da parcela destinada pelas demais empresas, na maioria dos anos. Porém, os cooperados recebem uma parcela de riqueza estatisticamente superior à recebida pelos investidores nas empresas.
O estudo mostra que as sociedades cooperativas contribuem para a economia do setor agropecuário, criando e distribuindo riqueza, principalmente em momentos em que as demais organizações se encontram em estagnação ou em períodos de redução de atividade. Ainda, foi possível verificar que, mesmo não pagando tributos sobre a sobra do ato cooperado, as cooperativas não destinam uma parcela menor da riqueza criada ao governo quando comparadas às demais empresas. Por fim, a remuneração do capital próprio apresentou-se superior nas cooperativas, condizente com o seu papel de intermediação no mercado.
Bialoskorski Neto, S. (2012). Economia e gestão de organizações cooperativas. 2ª ed. São Paulo: Atlas. Ménard, C. (2011). Hybrid modes of organization alliances, joint ventures, networks, and other ‘strange’ animals. In: R. Gibbons and J. Roberts (eds.), Handbook of Organizational Economics. Princeton: Princeton University Press (Forthcoming). Santos, A., & Hashimoto, H. (2003). Demonstração do valor adicionado: algumas considerações sobre carga tributária. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, 38(2).