Resumo

Título do Artigo

A pesquisa científica sobre "resource curse": trajetória, temas emergentes e agenda
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Palavras Chave

"Resource curse"
Revisão sistemática
Agenda de pesquisa

Área

Administração Pública

Tema

Relação Governo-Sociedade: Transparência, Accountability e Participação

Autores

Nome
1 - Alexandre de Cássio Rodrigues
UNIVERSIDADE FUMEC (FUMEC) - FACE
2 - Suzana Braga Rodrigues
UNIVERSIDADE FUMEC (FUMEC) - Programa de Doutorado e Mestrado em Administração

Reumo

O termo “resource curse” foi usado pela primeira vez por Auty (1993) para se referir ao paradoxo de que os países dotados de recursos naturais tendem a apresentar menor crescimento econômico e piores resultados de desenvolvimento do que países com menos recursos naturais. Por exemplo, Angola, Congo, Nigéria, Venezuela têm suas economias baseadas em recursos naturais e apresentam baixas ou negativas taxas de crescimento econômico, além de pobreza generalizada. Em contraste, Japão, Coréia, Taiwan, Cingapura e Hong Kong têm altos padrões de vida e exportam poucos recursos naturais.
Apesar de mais de duas décadas de pesquisa intensiva, ainda não há um consenso na literatura sobre a tese de uma “resource curse”. Qual foi a trajetória da pesquisa sobre “resource curse”? Quais são os temas emergentes desta linha de pesquisa? O objetivo deste ensaio é entender como os principais temas desta linha de pesquisa evoluíram ao longo do tempo. Para isso é realizada uma revisão sistemática da literatura sobre "resource curse". Especificamente, é analisada a rede formada pelas relações de citações de 816 trabalhos que abordam o assunto "resource curse", publicados entre 1993 e 2017.
Recentemente, vários autores revisaram a literatura sobre “resource curse” (e.g., Badeeb, Lean & Clark, 2017; Van der Ploeg & Poelhekke, 2017). Em relação aos trabalhos anteriores, esta revisão promove avanços na compreensão deste assunto. Isso porque analisa a rede formada pelas relações de citações das publicações sobre "resource curse", uma abordagem que permite identificar as perspectivas sob as quais o conhecimento se difundiu (Van Eck & Waltman, 2017) bem como os temas emergentes do campo de pesquisa (He, Lei & Wang, 2018).
A pesquisa sobre “resource curse” desenvolveu-se sob duas perspectivas. A primeira, macroeconômica, alega que a "resource curse" é causada pela deterioração dos termos de troca, valorização da moeda local e volatilidades das receitas. A segunda, político-econômica, defende que as rendas dos recursos naturais promove incentivos ao autoritarismo, corrupção e guerras civis. Em ambas, a qualidade das instituições tem um papel determinante. Atualmente, a linha de pesquisa mais promissora é a busca por soluções que possam aumentar a governança das rendas geradas pela extração dos recursos naturais.
Este ensaio permite compreender a gênese, a difusão do conhecimento e os temas emergentes da pesquisa sobre "resource curse". Nota-se que o debate sobre a existência, os condicionantes e os mecanismos da “resource curse” permanece muito ativo. E não poderia ser diferente. Afinal, como a extração e os preços dos recursos naturais continuam a aumentar, é urgente entender como as rendas geradas podem ser aproveitadas para promover o desenvolvimento. Por isso, espera-se que os insights fornecidos para uma nova agenda de pesquisa possam ajudar os pesquisadores interessados no assunto.
Auty, R. M. (1993). Sustaining Development in Mineral Economies: The Resource curse Thesis. Badeeb, R. A., Lean, H. H., & Clark, J. (2017). The trajectory of the natural resource curse thesis: A critical literature survey. Resources Policy, 51, 123-134. He, Z., Lei, Z., & Wang, D. (2018). Modeling citation dynamics of “atypical” articles. Journal of the Association for Information Science and Technology. Van der Ploeg, F., & Poelhekke, S. (2017). The impact of natural resources: Survey of recent quantitative evidence. The Journal of Development Studies, 53(2), 205-216. Van Eck, N. J., & Waltm