Resumo

Título do Artigo

A DÁDIVA E A SOLIDARIEDADE: UMA ANÁLISE DO CONSUMO COTIDIANO NA COMUNIDADE DO JABURU-ES
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Palavras Chave

Dádiva
Economia Solidária
Consumo

Área

Empreendedorismo

Tema

Empreendedorismo Social

Autores

Nome
1 - Victor Santos Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - Escola de Administração

Reumo

O presente estudo propõe analisar as práticas de economia solidária, tema conflituoso de crescente interesse no Brasil e no mundo, na contemporaneidade. Para tanto, esse estudo pretende se apoiar nas noções de territorialidade associadas ao tema e destacar a importância de compreender mais sobre o real significado do consumo no cotidiano das pessoas inseridas nas redes colaborativas de economia solidária. Utilizando-se da elucubrações teóricas sobre a dádiva, o consumo cotidiano foi analisado por meio da construção dos laços sociais formados no território do Jaburu, no Espírito Santo.
Na intenção de subverter essa lógica formal de economia nos estudos de consumo, e posicioná-lo como elemento fundamental para os estudos de economia solidária, o problema de pesquisa orientador desse estudo foi construído: Como os laços sociais se revelam no consumo cotidiano na comunidade do Jaburu, em Vitória-ES? O objetivo desse estudo é compreender como os laços sociais se revelam por meio do consumo cotidiano na comunidade do Jaburu (Território do Bem), em Vitória-ES.
Na contemporaneidade, é necessário debruçar a análise do consumo solidário sobre uma vocação fundamental da economia solidária, como destacado por França Filho e Laville (2004) e França Filho (2002; 2007; 2008): a hibridação dos comportamentos econômicos como componente do princípio da auto-regulação social de uma outra economia. Nesse sentido, a reciprocidade originada na dádiva é considera fundamental para o desenvolvimento da economia solidária a partir dos conceitos de economia substantiva de Polanyi (2012).
A presente pesquisa é de cunho qualitativo. A seleção dos informantes da presente pesquisa foi feita a partir da inserção em campo, por indicações do “Presidente”, que por sua vez, foi acessado por meio de contatos feitos com a organização sem fins lucrativos “Ateliê de Ideias”. A primeira fase da pesquisa foi constituída a partir de entrevistas abertas e observação não participante. A técnica de entrevista semiestruturada foi aplicada na segunda etapa da pesquisa. A terceira etapa da pesquisa foi constituída da análise de conteúdo, com categorias criadas a posteriori.
Os resultados da pesquisa nos revelaram diferentes representações sobre a vida na comunidade, as quais possuem uma grande influência nas decisões de consumo. Evidenciou-se, dessa forma, como a ação de consumir, inserido em uma comunidade na qual a predominância política é solidária, pode ser entendida por motivações de construção de laços sociais de amizade, confiança e aliança, mas também por decepções, medo e rejeição, por meio de três categorias temáticas: "Jaburu como bairro", "Jaburu como tribo" e "Jaburu como favela".
As três categorias revelaram como as relações sociais são complexas, o que as tornam impossíveis de serem classificadas como genéricas ou ainda de serem tangenciada teoricamente em sua completude na concepção do possível. Estudos futuros podem contemplar aspectos materiais e imateriais do consumo por meio de estratégias metodológicas que possibilitem o surgimento de narrativas que apresentem o empirismo intrínseco da dádiva, como a Grounded Theory e a fenomenologia. Ou ainda, que possam mobilizar ações solidárias que priorizem o desenvolvimento de laços sociais, como a Pesquisa-ação.
CAILLÉ, A. Antropologia do Dom – O terceiro paradigma, Petrópolis-RJ, Vozes, 2002. FRANÇA FILHO, G. C. Terceiro Setor, Economia Social, Economia Solidária e Economia Popular: traçando fronteiras conceituais. Bahia Análise & Dados, v. 12, n.01, p. 09-19, 2002 FRANÇA FILHO, G. C. Teoria e Prática em Economia Solidária: problemática, desafios e vocação. Civitas (Porto Alegre), v. 7, p. 155-174, 2007. FRANÇA FILHO, G. C. A via Sustentável-Solidária no Desenvolvimento Local. Organizações & Sociedade, v. 15, p. 219-232, 2008.