Resumo

Título do Artigo

POR QUANTO TEMPO CONTINUARÁ TRABALHANDO? A decisão dos servidores das universidades federais pelo abono de permanência e os desafios na gestão de pessoas
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Palavras Chave

Decisão
Abono de Permanência
Desafios da gestão de pessoas

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Temas Emergentes e Modismos em Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - Tatiana Aguiar Porfírio de Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PPGA
2 - Diogo Henrique Helal
Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ - Diretoria de Pesquisas Sociais

Reumo

A trajetória de vida é trilhada pelas decisões que tomamos todos os dias, as que são mais marcantes denominamos de ritos de passagem. Recentemente, a vida se tornou menos padronizada, na qual as pessoas estão adiando ou antecipando a vivência de alguns ritos, como, por exemplo, a aposentadoria. No setor público, a aposentadoria é questão relevante, pelo fato de a média de idade de aposentadoria ser baixa no país e a possibilidade legal de continuar em atividade após completar os requisitos para aposentar, recebendo o incentivo do abono de permanência, especificamente no setor público federal.
Certamente um dos grandes desafios da área de gestão de pessoas do Poder Executivo Federal é planejar e controlar o quantitativo dessa força de trabalho. Mas, para realizar tal planejamento é necessário que a gestão de pessoas acompanhe a rotatividade de pessoal, porém, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão não publica mensalmente os dados relativos aos servidores em abono de permanência. Assim, o trabalho tem como objetivo apresentar um panorama sobre a decisão dos servidores das universidades federais pelo abono de permanência e os desafios na gestão de pessoas nesse processo.
A decisão de continuar trabalhando (abono de permanência) ou aposentar-se é um processo espontâneo, pois se presume que o trabalhador tem autonomia, consciência e liberdade de escolher entre as opções, bem como decidirá quando e se os eventos de abono de permanência ou de aposentadoria acontecerão, desde que tenha cumprido os requisitos legais (ALVES, 2016; SZINOVACZ, 2003). Ao pesquisar sobre a decisão de continuar trabalhando ou aposentar, podemos auxiliar a gestão pública federal a entender mais o fenômeno e auxiliar os servidores a se prepararem para a aposentadoria e a pós-aposentadoria.
Trata-se de uma pesquisa caracterizada como exploratória e quantitativa, que visa apresentar um panorama sobre a decisão de aderir ao abono de permanência dos servidores das universidades federais brasileiras, refletindo acerca da gestão de pessoas nesse processo. Para isso, realizamos com o apoio do pacote estatístico do R: a análise descritiva para observar o perfil de dos servidores que aderem ao abono (aposentáveis); o Teste t para constatar a diferença de proporção de adesão ao abono entre os cargos; e a análise de sobrevivência para calcular o tempo médio em abono dos servidores.
Notamos que, de maneira geral, o perfil do servidor que adere ao abono de permanência é: do gênero feminino, acima de 60 anos, com graduação, estado civil casado, sem dependentes, com cargo técnico- administrativo, que trabalha em ambiente insalubre e reside na Região Sudeste. Os técnicos- administrativos aderem proporcionalmente mais ao abono do que os docentes. O abono de permanência é apontado como a variável mais influente na primeira decisão de aposentaria, pois 88,12% dos servidores optam por aderir ao abono. E que o tempo mediano de continuar em abono foi alto, igual a 6,5 anos.
Concluímos que a maioria dos servidores decidem aderir ao abono de permanência e ficam grande tempo nessa situação e que essa decisão é distinta pelo cargo, temos ciência do grau de importância da concessão do abono. Mas por quanto tempo esse servidor em abono deve continuar trabalhando? É preciso avaliar o real desempenho desses em relação à qualidade das atividades desenvolvidas. E os gestores de pessoas têm como desafio pensar em critérios para a concessão e manutenção do abono de permanência, que não deveria considerar apenas a variável tempo, mas outros fatores psicossociais e biológicos.
MACÊDO, L.S.S., BENDASSOLLI, P.F.; TORRES, T.L. Representações sociais da aposentadoria e intenção de continuar trabalhando. Psicologia & Sociedade, v. 29, p. 1-11, 2017. SZINOVACZ, M. E. Contexts and pathways: retirement as institution, process, and experience. In: ADAMS, G.; BEEH, T. (Ed.). Retirement: reasons, process and results. New York: Springer, 2003. WANG, M.; OLSON, D. A; SHULTZ, K. S. Mid and late carrer issues: an integrative perspective. New York and London: Routledge, 2013.