Resumo

Título do Artigo

BANCO COMUNITÁRIO, MOEDA SOCIAL E TERRITÓRIO: análise do circuito monetário alternativo em dois territórios no Piauí
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Bancos Comunitários de Desenvolvimento
Moedas Sociais
Território

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens Relacionais às Organizações

Autores

Nome
1 - Tamires Lordelo Conceição Costa
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - Escola de Administração
2 - Ariádne Scalfoni Rigo
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - Escola de Administração

Reumo

Dentre as experiências que envolvem a economia solidária estão inseridos os Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCD). Estes atuam, geralmente, em territórios marcados por vulnerabilidade econômica e social e as moedas sociais são uma das suas ações ou mecanismos de intervenção territorial. Os BCDs estão relacionados com o conceito de território ao compartilharem elementos ligados a noção de pertencimento, identidade e o envolvimento dos seus habitantes na sua gestão.
Partimos da premissa de que as moedas sociais têm o potencial de influenciar e dinamizar as economias locais, promovendo assim desenvolvimento territorial, visto que elas se configuram como um potencial instrumento de desenvolvimento econômico local alternativo à lógica financeira dominante. Portanto, analisar o fluxo das moedas sociais em seus respectivos territórios de atuação nos permite compreender seu uso na prática dos BCDs e entender como elas capazes de influenciar na gestão do processo de desenvolvimento dos territórios.
O uso de moedas sociais no Brasil se apresentam como meios de troca, capazes de gerar melhores condições de vida aos seus usuários pois estimulam a produção e circulação interna em um determinado território (MELO NETO e MAGALHÃES, 2009; SOARES, 2009; RIGO e FRANÇA FILHO, 2017). Este, na perspectiva de Santos (1999) e Saquet, (2014), está diretamente ligado ao lugar onde se vive, se cria relacionamentos e se desenvolve a vida de um cidadão. Logo, o desenvolvimento territorial se dá a partir da colaboração entre os indivíduos que dividem um mesmo espaço. (FISCHER, 2002; OLIVEIRA, 2001)
Esta pesquisa é de natureza qualitativa com caráter descritivo e exploratório. No que concerne aos procedimentos, foi o estudo de dois casos enquanto unidades de análise e não enquanto estratégia de pesquisa seguindo o protocolo de estudo de caso. Foram mapeadas duas experiências de uso de moedas sociais em seus territórios na região Nordeste: Moeda Cocal, do Banco dos Cocais (PI) e a moeda Opala, do Banco Rede Opala (PI). A coleta de dados ocorreu em três fases: 1) Levantamento Geral; 2) Visitas de campo e o mapeamento dos circuitos monetários; 3) Análise dos circuitos monetários mapeados.
São João do Arraial (PI), cidade do Banco dos Cocais, não possui bancos convencionais, e a moeda social Cocal é aceita em todo o comércio. Cerca de 50mil Cocais circulam no território e o seu fluxo dos mostra-se alto e com muitos atores envolvidos. Em Pedro II encontra-se o Banco Rede Opala, o município possui três agências bancárias e apesar de ter um grande número da moeda social Opala circulando, cerca de 24mil, a circulação das opalas entre os moradores da cidade mostra-se restrita, pois poucos comerciantes aceitam a moeda, tornando um circuito curto.
As considerações sobre relações entre os territórios e seus circuitos monetários apontam que aspectos territoriais se tornam fatores preponderantes para fluxo das moedas sociais nos circuitos monetários.Em São João do Arraial é notória a importância da moeda social e do BCD na economia local e no cotidiano dos moradores ao contrário de Pedro II que possui baixo fluxo de moeda social no circuito. Os casos apresentam fatores que auxiliam e que prejudicam a circulação das moedas sociais, os instrumentos de coleta e o uso da análise de redes permitiu identificar problemas específicos nos circuitos
FISCHER, Tânia.Gestão do desenvolvimento e poderes locais: marcos teóricos e avaliação. Casa da Qualidade, 2002. MELO NETO SEGUNDO, João Joaquim de; MAGALHÃES, Sandra.Bancos comunitários. 2009. RIGO, Ariádne Scalfoni; FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de.Bancos Comunitários e moedas sociais no Brasil:reflexões a partir da noção de economia substantiva.2017. SANTOS, Milton. O dinheiro e o território. GEOgraphia, v. 1, n. 1, p. 7-13, 1999. SAQUET, Marcos Aurelio. Território. In: BOULLOSA, Rosana de Freitas (org.) Dicionário para formação em gestão social. Salvador. CIAGS/UFBA, 2014. P. 176--179.