Resumo

Título do Artigo

CONFIANÇA EM GRANDES EMPRESAS: uma comparação entre Brasil e Estados Unidos
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Palavras Chave

Confiança
Grandes empresas
World Value Survey

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - ANDRÉ LUIZ MENDES ATHAYDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Instituto de Ciências Agrárias - ICA - Campus Regional Montes Claros - MG
2 - Karla Veloso Coura
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Gilmara Aparecida de Freitas Dias
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - FACE-PPGA

Reumo

O foco do estudo foi a dimensão “confiança em grandes empresas”, não muito explorada em estudos econômicos prévios, os quais normalmente avaliam a confiança em pessoas. As crises econômicas mundiais diminuem a confiança das pessoas nas empresas. De acordo com Kennedy (2009), dois terços dos respondentes pesquisados no mundo inteiro disseram que a sua confiança em empresas diminuiu se comparado ao ano anterior da crise econômica.
O presente estudo norteou-se pela seguinte pergunta de pesquisa: as variáveis sociais e as de percepção afetam da mesma maneira a confiança em grandes empresas em países desenvolvidos e em desenvolvimento? O objetivo da pesquisa foi verificar como fatores socioeconômicos (renda, educação, gênero, idade e estado civil) e como variáveis de percepção (justiça, competição e igualdade) podem afetar a confiança dos indivíduos em grandes empresas, comparando-se os resultados no Brasil e nos Estados Unidos. Para a consecução desse objetivo, utilizaram-se dados provenientes do World Value Survey (WVS).
Dada a sua importância na macroeconomia, alguns pesquisadores se voltam a aspectos mais micro e comportamentais para examinar a natureza da confiança e a sua mensuração precisa (Fehr et al., 2003; Koehn, 2003; Sapienza et al., 2013). Nesse cenário, Alesina e La Ferrara (2002) trazem uma importante discussão: a confiança em pessoas é diferente da confiança em instituições. Os estudos desses dois autores mostraram que a correlação entre a confiança em pessoas e a confiança em instituições pode ser positiva ou negativa, dependendo da instituição sob análise.
Por meio da técnica multivariada de Regressão Logística, verificou-se como fatores socioeconômicos (renda, educação, gênero, idade e estado civil) e como variáveis de percepção (justiça, competição e igualdade) podem afetar a confiança dos indivíduos em grandes empresas. Anteriormente aos testes, as variáveis de interesse da pesquisa no banco de dados WVS foram recodificadas em consonância com as hipóteses levantadas na revisão de literatura. Prezando pelo rigor da pesquisa, foram feitos testes de multicolinearidade.
O estudo identificou tanto similaridades quanto diferenças no padrão da confiança em grandes empresas no Brasil e nos Estados Unidos. No Brasil, se a pessoa considera a competição como algo benéfico, isto é, algo capaz de estimular os indivíduos a trabalharem mais e a desenvolverem novas ideias, e se a pessoa tem um elevado nível de escolaridade, ela terá alta probabilidade em confiar em grandes empresas. Já nos Estados Unidos, a influência das variáveis justiça, estado civil, igualdade, competição e renda, na confiança em grandes empresas foi comprovada no estudo.
O estudo alcançou o seu objetivo principal, na medida em que identificou tanto similaridades quanto diferenças no padrão da confiança nos dois países. Devido às limitações do banco de dados utilizado neste estudo, não foi possível identificar características específicas das grandes empresas em cada país analisado e que poderiam influenciar a confiança das pessoas em grandes empresas. Portanto, constitui esse um campo a ser explorado por pesquisas futuras. Espera-se ter contribuído para que outras discussões com maior escopo geográfico e de variáveis possam ser derivadas dessa exposição.
Kennedy, S. (2009). Trust in Companies Declines Worldwide (Edelman Survey Shows, Bloomberg). Fehr, E., Fischbacher, U., von Rosenbladt, B., Schupp, J., Wagner, G. (2003). A Nation-Wide Laboratory: Examining Trust and Trustworthiness by Integrating Behavioral Experiments into Representative Survey, CESifo, Working Paper, 866. Koehn, D. (2003). The Nature of and Conditions for Online Trust. Journal of Business Ethics, 43, 3–19. Sapienza, P., Toldra-Simats, A., Zingales, L. (2013). Understanding Trust. The Economic Journal, 123, 1313-1332.