Resumo

No intuito de valorizar os aspectos positivos e desenvolver os potenciais humanos, as técnicas da Psicologia Positiva têm sido frequentemente utilizadas nas organizações, principalmente nos setores de gestão de pessoas. Nesse sentido, variáveis como otimismo, felicidade no trabalho e florescimento no trabalho, integram a variedade de construtos estudados pela Psicologia Positiva no contexto laboral. Assim, percebe-se a relevância de pesquisas que visem compreender como esses aspectos relacionam-se entre si e influenciam em um crescimento profissional saudável.

Este estudo apresenta a seguinte questão de pesquisa: o otimismo influencia o florescimento e a felicidade no trabalho? E tem como objetivo analisar a influência do otimismo na felicidade e no florescimento no trabalho. Além disso, adapta e valida a escala de Felicidade no Trabalho de Singh e Aggarwal (2017).

Sabe-se que otimismo é considerado um construto positivo e que pode se relacionar com outros construtos também positivos, e que estão relacionados neste estudo ao contexto do trabalho, como a felicidade no trabalho. Um estudo de correspondência entre variáveis, realizado por Zbierowski e Góra (2014), identificou uma relação positiva entre otimismo e felicidade subjetiva. Outro estudo realizado por Paixão (2015), indicou que otimismo se correlacionava positivamente com florescimento de modo que altos níveis de um influenciam a altos níveis do outro.

Na coleta de dados foram utilizadas escalas para medir cada construto e um questionário sociodemográfico. A escala que mensura felicidade no trabalho foi adaptada e validada para a cultura brasileira. Foi realizada a Análise Fatorial Confirmatória para avaliar a validade converte, composta e a confiabilidade dos itens das escalas utilizando-se o software SmartPLS versão 2.0. A coleta de dados foi realizada presencialmente a uma amostra de 78 servidores de uma universidade federal da região norte do país. A predição foi avaliada a partir da modelagem de equações estruturais.

As duas hipóteses foram confirmadas: o otimismo influenciou, positivamente, 21,63% a felicidade no trabalho e 28,51% o florescimento no trabalho quando inseridas as variáveis de controle: sexo, idade e cargo no modelo estrutural e podem ser considerados efeitos altos. O estudo ofereceu, ainda, a adaptação transcultural da Happiness at Work Scale (Escala de Felicidade no Trabalho) para a cultura brasileira, suprindo a carência de instrumento que mede tal construto.

Os resultados evidenciam a importância da organização oferecer aos seus membros boas condições de trabalho e um maior reconhecimento por parte dos líderes e gestores, de maneira que motivem os colaboradores a desenvolverem suas atividades com mais confiança e autonomia, o que influencia diretamente em relações mais saudáveis e prósperas. Além disso, a adaptação cultural dos itens da escala de felicidade no trabalho, oferece um novo instrumento confiável para a realização de futuras pesquisas nesta área do conhecimento, sobretudo no ambiente laboral.

ZBIEROWSKI, P.; GÓRA, K. Positive leadership: Its nature, antecedents and consequences. Positive Managment. v. 5, n. 1, p. 85-99, 2014. SINGH, S.; AGGARWAL, Y. Happiness at Work Scale: Construction and Psychometric Validation of a Mesure Using Mixed Method Approach. Happiness Studies. p.1-25, 2017.