Comportamento do Consumidor - Estudos Qualitativos Indutivos
Autores
Nome
1 - Marcelo de Rezende Pinto PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - Helena da Gama Cerqueira Andrade PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - PPGA
3 - Gustavo Tomaz de Almeida PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Minas Gerais
4 - Maytê Cabral Mesquita PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico - Belo Horizonte
Reumo
Entendido como uma forma de consumo que privilegia o uso em detrimento da posse, seja por meio da troca, compartilhamento, empréstimo, locação e doação (Botsman& Rogers, 2011), o consumo colaborativo tem despertado interesse na academia. A identidade é, por sua vez, um construto que carece de estudos constantes. Entre os autores do campo teórico de CCT existe um consenso de que, por meio do consumo, nós construímos, desconstruímos, reconstruímos e até mesmo contestamos nossa identidade.
Este artigo se propõe a responder o seguinte problema de pesquisa: como se articula a prática do consumo colaborativo na construção, desconstrução e reconstrução da identidade do indivíduo como consumidor? No bojo dessa questão, surgiram outros questionamentos que puderam ser respondidos quando foi colocado o objetivo de investigar como a articulação entre a prática do consumo colaborativo e identidade do indivíduo se dá em um ambiente de coworking.
A fundamentação teórica do trabalho se baseou em quatro seções. A primeira delas buscou discutir as questões atinentes ao compartilhamento e consumo colaborativo à luz de autores como Belk (2007, 2010, 2013, 2014, 2016) e Botsman e Rogers (2011). A segunda seção focou esforços em discutir as questões de identidade para embasar a seção seguinte sobre a (re)construção da identidade por meio do consumo. A quarta seção trouxe breves discussões sobre o coworking.
Utilizando-se de uma metodologia qualitativa, de cunho etnográfico, o estudo manteve o foco em pessoas que utilizam o coworking para trabalhar, e procurou identificar e analisar aspectos relacionados aos seus hábitos de consumo e traços de identidade. O estudo coletou os dados por meio de observações participantes por três meses e 15 entrevistas em profundidade, produzindo resultados por meio de análise de conteúdo que possibilitaram a articulação com a CCT – Consumer CultureTheory.
Cinco categorias emergentes da análise serviram de base para a análise dos resultados: “Hábitos de consumo”, “Identidade do consumidor”, “Por que compartilhar”, “Consumo colaborativo”, “Coworking” e “Relação identidade x consumo colaborativo”. Os resultados foram confrontados com a literatura consultada no tocante ao temas consumo colaborativo, identidade do consumidor e cultura do consumo.
O consumo colaborativo faz parte do universo social e cultural do grupo de consumidores pesquisados na medida em que, além de trabalharem em um coworking, este é um ambiente que pressupõe a colaboração. Ao trabalharem no ambiente e ao conviver com outras pessoas na mesma situação, faz com que esse clima de colaboração extrapole as paredes do coworking e os influencie de modo a adotarem outras atitudes e hábitos colaborativos, o que evidencia uma relação entre consumo e identidade.
Belk, R. W. (2010). Sharing. Journal of consumer research, 36(5), 715-734.
Botsman, R., & Rogers, R. (2011). O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo. Bookman.
Campbell, C. (2006).Cultura, consumo e identidade.Eu compro, logo sei que existo: as bases metafísicas do consumo moderno.In: Barbosa, L. & C. Campbell, C. (Orgs.). Cultura, consumo e identidade. Rio de Janeiro: FGV.