Resumo

Transição de carreira é cada vez mais comum tanto objetiva (necessidade de adaptar-se a mudanças do mercado), como subjetiva, mudanças internas do indivíduo, quanto aos anseios, valores, percepções, entre outros (LOUIS, 1980; IBARRA, 2009). Do ponto de vista subjetivo, Ibarra considera a transição de carreira uma “redefinição da identidade profissional – a forma como nos vemos na profissão, como nos mostramos e a forma como vivemos em nosso trabalho (IBARRA, 2009).

Para Veloso (2012) e Ibarra (2009), profissionais estão sempre realizando transições de carreira na busca da identidade profissional, com base em seus valores pessoais. As motivações para a escolha de uma profissão vêm de diversas inquietações e têm como base as âncoras de carreira e tipos motivacionais. O objetivo geral desta pesquisa é identificar quais âncoras de carreira e tipos motivacionais são predominantes nos professores que realizaram transição para a carreira docente universitária.

Com a perda de espaço da carreira organizacional, devido à competitividade do mercado de trabalho, os profissionais passam a gerenciar a própria carreira, causando, muitas vezes, a transição profissional. (HALL, 2002). As âncoras de carreira influenciam a transição profissional por representar sua identidade, formada pelos talentos, motivos e valores (SCHEIN, 1996), assim como os tipos motivacionais de Schwartz (1992), considerando que a organização dos valores impacta diretamente a motivação.

Levantamento com 40 docentes da graduação em administração, de uma instituição de São Paulo, sendo um estudo de caso. Instrumentos utilizados: questionário demográfico e profissional; inventário das orientações de carreira de Schein; questionário de perfis de valores de Schwartz. A análise dos dados foi quantitativa no cruzamento de dados entre âncoras e tipos motivacionais e rankeamento das âncoras, e qualitativa, por analisar a importância do estudo para os conceitos de transição de carreira.

A âncora mais presente foi Serviço e Dedicação a uma Causa, coerente com a atividade docente, pois remete a indivíduos preocupados em ajudar o próximo e a melhorar as condições sociais. A segunda âncora foi Estilo de Vida, condizente com o mercado acadêmico por gerar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O tipo motivacional mais encontrado foi Universalismo, o qual, da mesma forma que a âncora de carreira Serviço e Dedicação a uma Causa, preocupa-se com o bem-estar de todos.

Conhecer as características dos valores, motivações e inclinações profissionais dos docentes universitários permite ampliar a compreensão das razões que levam o indivíduo a tomar a decisão de transitar para a docência. A discussão sobre o que rege o comportamento auxilia o autoconhecimento e permite às organizações saber o que esperar das atitudes de seus colaboradores e traçar estratégias que aproveitem os potenciais e aproximem os objetivos da organização com os objetivos individuais.

(HALL. Careers in and out organizations, 2002; IBARRA. Identidade de carreira, 2009; LOUIS. Career transitions, 1980; VELOSO. Carreiras sem fronteiras e transição profissional no Brasil, 2012; SCHEIN. Career Anchors; 2012; SCHWARTZ. Universals in the content and structure of values, 1992.)