Resumo

Título do Artigo

A PIRATARIA E O JEITINHO BRASILEIRO: REFLEXOS CULTURAIS NO CONSUMO DE BOLSAS FALSIFICADAS POR MULHERES DE CLASSE ALTA E MÉDIA ALTA
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Palavras Chave

Cultura brasileira
Consumo
Falsificação

Área

Marketing e Comportamento do Consumidor

Tema

Comportamento do Consumidor - Estudos Qualitativos Dedutivos

Autores

Nome
1 - Priscila Favaro
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - RAMON SILVA LEITE
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração

Reumo

O “jeitinho brasileiro”, prática comum em nosso cotidiano, representa uma das principais características da cultura brasileira. Tal traço pode denotar tanto um sentido negativo como positivo e refletir no comportamento do consumidor. Nesse sentido, esse traço marcante na cultura do brasileiro pode estar relacionado com o consumo de produtos falsificados, principalmente em segmentos da população que possuem condições financeiras para adquirir o produto original.
Por que uma mulher que possui condições financeiras para adquirir um produto de marca original recorre à copiada? O “jeitinho”, entendido como o processo de uma pessoa atingir objetivos, a despeito de determinações (leis, normas, regras, ordens etc.) contrárias, pode contribuir para o entendimento dessa prática. Assim, o objetivo principal do artigo foi investigar como o “jeitinho” está atribuído ao consumo de bolsas falsificadas por consumidoras pertencentes à classe alta e média alta.
DaMatta (1983) define o “jeitinho brasileiro” como uma prática cordial que personaliza relações por meio de um interesse comum qualquer. A reboque dessas relações, a formação da identidade do indivíduo, antes relacionada ao status e à posição que o mesmo ocupava em um grupo social deu lugar a outro fluxo de prioridades e construção de significados. Quando o indivíduo consome, ele recria, adota ou, até mesmo, troca de identidade, a partir da escolha do que se compra (Campbell & Barbosa, 2006).
Foi desenvolvido um estudo qualitativo, de cunho interpretativista. O corpus da pesquisa foi delimitado à mulheres pertencentes às classes média alta e alta, por considerar que as mesmas teriam condições financeiras de adquirir o produto original. Foram conduzidas entrevistas em profundidade com 16 mulheres. Tais entrevistas foram suportadas por um roteiro semiestruturado e complementadas por técnicas projetivas. Os dados obtidos foram analisados por meio da Análise de Conteúdo.
As análises foram segmentadas em seis subtópicos, sendo abordado, primeiramente, o perfil das entrevistadas e, em seguida, as principais motivações do consumo, de forma geral. Na sequência foram analisadas as percepções sobre a bolsa falsa e a bolsa original. Já a análise do consumo de falsificados foi segmentado em outros dois subtópicos de análise: a vantagem do melhor preço e a falsa imagem projetada por essas mulheres ao utilizarem produtos falsificados.
A principal motivação para a compra do falsificado foi a vantagem do melhor preço, embora as participantes tenham condições de consumir produtos originais. Essa “vantagem” pode ser entendida, principalmente, como a possibilidade de projetar a mesma imagem a um custo mais baixo. Elas consideram que o falso é ilegal, mas não é crime, desde que os prejuízos advindos dessa atividades não impactem suas vidas. A falta de credibilidade no país sugere que a falsificação possa ser um crime menor.
Barbosa, L. (1992). O jeitinho brasileiro. Rio de Janeiro. Jiang, L., & Cova V. (2012). Love for Luxury, Preference for Counterfeits –A Qualitative Study in Counterfeit Luxury Consumption in China. International Journal of Marketing Studies, 4(6), 1-9. Strehlau, S.,& Peters Filho, T. A. (2006). Valor para o cliente de artigos de luxo falsificados: entre o blefe e o prestígio. II Encontro de Marketing da ANPAD, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.