Aprendizagem Informal nas Organizações
Teoria Pragmática da Aprendizagem
Emoções
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Aprendizagem nas Organizações
Autores
Nome
1 - Diogo Reatto UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Higienópolis
2 - Arilda Schmidt Godoy UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO (UNESP) - campus de Rio Claro (professor aposentado)
3 - Patrícia Teixeira Maggi da Silva UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - São Paulo
Reumo
O campo de estudos da Aprendizagem Organizacional (AO) e da Aprendizagem Informal (AI) desmereceu as emoções por entendê-las como um obstáculo à cognição e à racionalidade. O cenário de pesquisa é ainda mais restrito quando os estudos relacionam emoções, aprendizagem e local de trabalho, devido ao fato de esses três construtos serem compreendidos desde uma perspectiva tradicional, racionalista e objetiva, para a qual as emoções só trazem impurezas e subjetividade à pesquisa.
Emoções e aprendizagem no local de trabalho podem voltar fortemente às agendas de pesquisa desde que interpretadas sob uma abordagem sócio-construcionista, a qual entende as emoções como experiências e se preocupa com o como as emoções são socialmente construídas nas interações sociais no trabalho. Assim, o objetivo geral deste estudo é compreender como a Aprendizagem Informal pode ser moldada pelas emoções do pessoal técnico-administrativo de uma faculdade pública estadual de São Paulo.
A Teoria Pragmática da Aprendizagem de Bente Elkjaer interpreta as emoções como conflitos e tensões que atuam como gatilhos para resolução de problemas. Estas tensões são aberturas ou impedimentos para a aprendizagem e fruto das diferentes formas como os membros de uma organização se relacionam para criar e manter as atividades organizacionais. Já a organização é vista como uma arena emocional, em que as emoções são representadas num contexto particular de trabalho.
Conduziu-se um estudo qualitativo interpretativista básico, com entrevistas semiestruturadas em profundidade com 16 servidores técnico-administrativos de uma faculdade de uma universidade estadual paulista. Analisaram-se as informações pelo processo de análise de dados qualitativos de Flores. Realizou-se validação comunicativa com dois participantes e dois não participantes da pesquisa, os quais não apontaram discordância ou baixa identificação com a realidade analisada pelos pesquisadores
As emoções despertadas nas experiências emocionais são produtos da prática social dos servidores no trabalho e são vistas como uma interferência indesejada no processo de aprendizagem e sua manifestação deve ser reservada a ambientes particulares. O pensamento dominante é de que as organizações devem ser espaços para as pessoas executarem mecanicamente suas atividades, e não espaços de emoções. Há dificuldades em se entender quando e onde as emoções são úteis e se seu uso pode ser estratégico.
Espera-se que estudo contribua com uma nova e vital dimensão de que a faculdade estudada é uma arena de experiências emocionais, não para racionalizá-las e gerenciá-las, mas para fornecer um novo entendimento sobre o que elas revelam a respeito deste ambiente organizacional, do trabalho, e compreensão de que as emoções fazem parte da natureza humana e não há como negar sua influência nas tarefas, no comportamento do outro, na aprendizagem e na própria construção da identidade da Faculdade.
ANTONACOPOULOU, E.; GABRIEL, Y. Emotion, learning and organizational change.Journal of Organizational Change, v.14, n.5, p.435-451, 2001.
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ELKJAER, B.Organizational Learning: The Third Way. Management Learning, v.35, n.4, p.419-434, 2004.
VINCE, R.; SALEEM, T. The Impact of Caution and Blame on OL.Management Learning, v.35, n.2, p.133-154, 2004.