Resumo

Nas últimas décadas, a Teoria de Stakeholders tem se desenvolvido, apresentando novos conceitos, critérios e modelos. No entanto, ainda é criticada por não oferecer critérios claros de priorização na tomada de decisão, sendo esta uma das questões recorrentes da teoria. Percebe-se que a questão da priorização ainda é um ponto de debate dentro da literatura de stakeholders, haja visto não existir um consenso sobre como priorizar os diferentes stakeholders da organização.

Diante do contexto apresentado, a questão que norteia este estudo é: Quais são as diferentes formas de priorização de stakeholders presentes na literatura? Tem-se como objetivo geral analisar as formas de priorização de stakeholders adotadas na literatura. Operacionalmente, pretende-se: a) descrever as formas de priorização de stakeholders adotados na literatura; b) identificar as diferentes as variáveis/atributos que compõem as formas de priorização de stakeholders.

Uma questão central na Teoria dos Stakeholders é a identificação e priorização dos stakeholders. Dentre os estudos que se debruçaram sobre essa questão, o modelo de Mitchell et al. (1997) tornou-se amplamente aceito. Além do modelo de priorização de Mitchell et al. (1997), é possível identificar na literatura outros modelos e frameworks utilizados na priorização de stakeholders, advindos não somente da Teoria de Stakeholders.

Pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e bibliométrico, a fim de analisar determinadas características acerca da produção científica sobre priorização de stakeholders. A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2016 na base de dados ISI Web of Knowledge, delimitando como critérios de busca o domínio de pesquisa Social Sciences, a área Business Economics, o tipo de documento Article, idiomas English e Portuguese. Os dados foram analisados utilzando-se a técnica de análise categorial.

Observou-se que o modelo de priorização baseado na saliência de Mitchell et al. (1997) é o mais amplamente utilizado e aceito, sendo adotado por 57% da amostra. No entanto, a maioria destes limita-se somente a aplicar o modelo de saliência. Estudos que preocupam-se em desenvolver e aprimorar este modelo começaram a surgir somente dez anos após a publicação de Mitchell et al. (1997), buscando incluir aspectos específicos de diferentes contextos e aprimorar os atributos utilizados no modelo.

Ao analisar os resultados, observa-se que a priorização de stakeholders se relaciona com variáveis que precisam ser melhor desenvolvidas e definidas, a fim de melhor operacionalizá-las. Fica claro que o modelo de saliência de Mitchell et al. (1997), no atual contexto empresarial complexo, não é mais suficiente, de forma isolada, para relevar quais stakeholders devem ser priorizados. Os achados da pesquisa contribuem para demonstrar que não há um modelo padrão para se analisar a priorização.

Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L.,& Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York: Cambridge University Press. Mitchell, R. K., Agle, B. R., & Wood, D. J. (1997). Toward a Theory of Stakeholder Identification and Salience: Defining the Principle of Who and What Really Counts. Academy of Management Review, 22(4), 853–886. Phillips, R., Freeman, R. E., & Wicks, A. C. (2003). What stakeholder theory is not. Business Ethics Quarterly, 13: 479-502.