Resumo

Compreender o empreendedorismo requer considerar o indivíduo empreendedor, o projeto, o meio ambiente e também as conexões entre eles ao longo do tempo. Nesse sentido, destaca-se o framework proposto por Nassif, Ghobril e Silva (2010) que se concentra nos atributos pessoais do empreendedor, por meio de seus aspectos cognitivos e afetivos, e permite uma análise dinâmica da evolução destes no decorrer do percurso do empreendimento e sua interação com o ambiente.

Diante dessas considerações e da necessidade de estudos acerca do empreendedorismo feminino, devido à subjetividade que permeia suas ações, uma reflexão leva ao seguinte questionamento: Como os aspectos cognitivos e afetivos influenciam as ações de mulheres empreendedoras nas diferentes fases de desenvolvimento de um negócio? O objetivo é explicar como os aspectos cognitivos e afetivos influenciam as ações de mulheres empreendedoras nas diferentes fases de desenvolvimento de um negócio.

No referencial teórico são tratados o empreendedorismo e a particularidade das mulheres nessa temática; os atributos pessoais do empreendedor, descritos por meio de suas ações sob a influência de aspectos cognitivos e afetivos, e; as características de cada fase de desenvolvimento de um negócio (modelo com cinco fases), que demandam mudanças no papel do empreendedor e nas competências necessárias ao desenvolvimento, sucesso e crescimento do negócio.

Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. As participantes foram selecionadas de forma intencional. Dez mulheres foram entrevistadas, tendo como base um roteiro semiestruturado, entretanto, antes da realização das entrevistas elas tiveram seus empreendimentos classificados em uma das cinco fases de desenvolvimento de um negócio para posterior comparação dos resultados. A técnica utilizada para a análise de dados foi a análise de conteúdo temática.

O estudo identificou que na fase de nascimento as empreendedoras investigadas agem mais influenciadas por seus aspectos afetivos e nas fases seguintes, quando há a necessidade de uma melhor organização, os aspectos cognitivos passam a ser buscados e aprimorados. Ademais, aspectos como perseverança, iniciativa, coragem e o desejo de fazer o que gosta permanecem presentes nas ações das empreendedoras, trazendo a conclusão de os cognitivos e afetivos não estão dissociados na prática.

A pesquisa confirma a relevância do modelo proposto, tanto com relação aos aspectos cognitivos e afetivos, identificados como pertinentes às ações dos empreendedores, como com relação à variação desses no desenvolvimento dos empreendimentos. O medo emergiu como um dos aspectos afetivos na fase de renovação e a capacidade de negociação, como aspecto cognitivo das empreendedoras da fase de declínio, sugerindo-se a incorporação desses em estudos futuros que tratem dessa relação.

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