Resumo

Diversos são os líderes que possuem as competências técnicas necessárias aos cargos que ocupam, porém, apresentam dificuldades para se relacionar de forma transparente com seus seguidores e para tomar decisões éticas. Além disto, destacam-se os casos dos que se apoderam das emoções e de imponentes discursos a fim de manipular seguidores e maximizar interesses individuais. Estes líderes podem ser considerados tóxicos devido aos malefícios que trazem para o ambiente organizacional (CIULLA, 2004).

Estudos que busquem compreender o impacto negativo que as emoções podem gerar em âmbito profissional ainda são incipientes no meio acadêmico (EINARSEN et al, 2007). Assim, o objetivo do estudo foi investigar se a expressão de emoções positivas (alegria) e negativas (tristeza e raiva) de um líder inautêntico afetaria a percepção de eficácia, o julgamento ético e a identificação pessoal de seus seguidores com ele quando se atentam a um discurso antiético proferido por esse profissional.

A má liderança é influenciada por um conjunto de fatores que conduzem à incompetência do líder enquanto agente responsável pela orientação de pessoas (KELLERMAN, 2004). Um destes fatores diz respeito ao mau uso que fazem das emoções, como instrumentos para ludibriar o próximo (TEE, 2015; NEVES, 2012). Pesquisas têm comprovado que as expressões faciais manifestadas por estes líderes impactam a percepção que seus observadores terão de seu potencial enquanto profissionais (OLIVOLA et al, 2014).

O estudo é baseado em um experimento, desenvolvido através da atuação de um ator profissional que fora contratado para representar um CEO fictício e manipular um discurso utilizando-se de emoções positivas, negativas e neutras. Assim, foram gravados quatro vídeos, nos quais o conteúdo do discurso do líder era o mesmo, porém, a expressão emocional do líder variava em cada vídeo. O discurso exibido pelo ator foi desenvolvido com base nas dimensões da liderança autêntica de Walumbwa et al (2008).

Os resultados confirmaram que líderes inautênticos que expressam emoções positivas são julgados de maneira mais favorável por seus seguidores quanto a sua eficácia e provocam maior identificação pessoal com eles do que aqueles que expressam emoções negativas. A expressão de emoções positivas e de emoções negativas passivas provocaram avaliações mais favoráveis entre os seguidores quanto à conduta ética desses líderes comparativamente à expressão de emoções negativas agressivas.

Constatou-se que líderes inautênticos que expressavam emoções alegres foram melhor avaliados do que aqueles tristes e raivosos em relação a sua performance e identificação pessoal. Assim, deduz-se que provavelmente a manipulação feita por um líder inautêntico através de uma postura alegre surtirá mais efeito sobre a percepção de seu desempenho e a identificação pessoal com seus seguidores do que aquele que tenta manipular seus observadores através de uma postura triste e agressiva.

CIULLA, B. Ethics: The Heart of Leadership (2nd Edition), CT: Praeger, 2004. TEE, E. Y. J. The Emotional Link: Leadership and the Role of Implicit and Explicit Emotional Contagion Processes across Multiple Organizational Levels. The Leadership Quarterly, vol. 26, pp. 654-670, 2015. WALUMBWA, F. O.; AVOLIO, B. J.; GARDNER, W. L.; WERNSING, T. S.; PETERSON, S. J. Authentic Leadership: Development and Validation of a Theory-Based Measure. Journal of Management, vol. 34, pp. 89-126, 2008.