Resumo

É consenso que o poder discricionário dos profissionais em contabilidade tende a aumentar. Tal perspectiva relaciona-se especialmente a necessidade de capturar e reportar a essência econômica das empresas. Isso exigirá adaptação dos profissionais de contabilidade frente ao ambiente, mudanças organizacionais, liderança organizacional e principalmente comportamental.

O presente estudo visa responder a seguinte questão de pesquisa: Qual a personalidade comportamental dos alunos de Ciências Contábeis de uma Universidade Federal em relação à sociopatia, psicopatia, narcisismo, maquiavelismo e o cinismo? Assim, a presente pesquisa se propõe a analisar o perfil de personalidade comportamental dos estudantes de graduação em Ciências Contábeis de uma Universidade Federal e sua relação com a sociopatia, psicopatia, narcisismo, maquiavelismo e o cinismo (Dark Face) de uma Universidade Federal.

Hoje, as organizações observam que o comportamento dos indivíduos influencia significativamente o meio organizacional nos quais estão inseridos (D’SOUZA, 2016). Estas características são intrínsecas no comportamento dos indivíduos. De acordo com Ribeiro (2008) elas têm reflexos na liderança organizacional, no relacionamento de grupos, na percepção e aprendizagem dos conteúdos profissionais. Além disso, têm impacto na atitude dos indivíduos face adaptação ao ambiente e mudanças organizacionais.

O estudo adota a abordagem metodológica empírica, sendo caracterizada como um estudo descritivo com abordagem qualitativa-quantitativa. Quanto aos procedimentos técnicos, realizou-se uma pesquisa survey. A amostra do estudo foi composta por 227 estudantes do curso de graduação em Ciências Contábeis de uma Universidade Federal, compreendendo 31,01% da população do estudo. Para os procedimentos de coleta de dados optou-se pela aplicação de um questionário adaptado de Jones e Paulhus (2014).

Os traços de personalidade que mais prevalece são o de maquiavelismo, seguido dos traços narcisistas e sociopatas. Os traços cínicos e psicopatas foram os que menos prevaleceram nos indivíduos analisados. Identificou-se ainda que o traço de sociopatia atingiu um grau de 47% do total da amostra, enquanto que a psicopatia atingiu apenas 30%. Nessa perspectiva, tais características podem impactar as informações contábeis que serão geradas por esses profissionais ao mercado.

Em conclusão, atribui-se ao Dark Face as características de manipulação, insensibilidade, desonestidade e ausência de afabilidade na qual estas se correlacionam com todos os traços de personalidade comportamental apresentados, estes têm em comum, a enganação e o oportunismo como forma de alcançar os próprios objetivos. Espera-se com a realização do estudo poder apresentar os traços de personalidade comportamental presentes nos alunos de Ciências Contábeis da Universidade analisada.

D’SOUZA, Marcia Figueredo. Manobras Financeiras e o Dark Triad: o despertar do lado sombrio na gestão. 2016. 199f. Tese (Doutorado em Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 2016. JONES, Daniel N.; PAULHUS, Delroy L. Introducing the Short Dark Triad (SD3): A Brief Measure of Dark Personality Traits. Journal Assessment, Washington, DC, v. 21, n. 1, p. 28-41, 2014.