Resumo

É cada vez mais importante a regulação ambiental por instituições governamentais que visam mitigar ou evitar as externalidades negativas das atividades logísticas que afetam o meio ambiente e a sociedade em geral (Delmas, 2002;McKinnon et al., 2010). O papel do Estado em impor a adoção de práticas sustentáveis foi pesquisado em muitos estudos organizacionais (Delmas, 2002). No entanto, não há registro de nenhuma pesquisa que analisou a influência das instituições governamentais de regulação do meio ambiente em terminais logísticos.

Qual é a influência das instituições de regulação ambiental nos terminais logísticos? Ela é diferente da influência encontrada em outros tipos de organizações? Desse modo, buscando preencher esta lacuna na literatura, esse estudo objetiva verificar a influência das instituições governamentais de regulação do meio ambiente dos estados brasileiros no desempenho da sustentabilidade ambiental dos terminais intermodais da logística de grãos do Brasil.

Segundo Barbieri (2010), a gestão ambiental empresarial consiste de diretrizes e atividades administrativas e operacionais que visam obter impactos positivos sobre o meio ambiente. A regulamentação ambiental faz com que as empresas internalizem, ou seja, paguem pelos custos das externalidades negativas geradas pelas suas atividades que prejudicam o meio ambiente e a sociedade em geral (Delmas, 2002; Iannone, 2012).

A amostra foi composta por dezoito terminais. Essa amostra abrangeu terminais localizados nas principais rodovias e ferrovias de todas as cinco regiões do Brasil. A variável dependente foi o desempenho sustentável, as variáveis independentes foram indicadores das instituições estaduais de regulação do meio ambiente e as variáveis de controle foram aspectos internos dos terminais. A análise dos dados foi feita por meio da regressão binomial negativo.

Apurou-se que todas as três instituições de regulação do meio ambiente dos estados brasileiros analisadas influenciam o desempenho da sustentabilidade ambiental nos terminais logísticos. No entanto, a influência positiva foi encontrada nas instituições “regulador ambiental” e “incentivos fiscais para sustentabilidade”, mas não foi verificada na instituição “qualidade da legislação ambiental”, na qual foi apurada um impacto negativo. Além disso, os resultados apontam que as características de operação intermodal influenciam mais o desempenho sustentável dos terminais do que as instituições.

A hipótese testada nesse estudo foi aceita parcialmente porque a relação positiva entre o nível das instituições de regulação do meio ambiente e desempenho sustentável não foi encontrada em todas as instituições pesquisadas. Assim os resultados dessa pesquisa estão, em certa medida, alinhados com a literatura que afirma que as instituições de regulação ambiental constrangem as organizações a adotarem práticas de gestão ambiental (Delmas, 2002; Iannone, 2012).

Barbieri, J. C. (2010). Gestão ambiental empresarial (2ª ed.). São Paulo: Saraiva. Delmas, M.A., (2002). The diffusion of environmental management standards in Europe and in the United States: an institutional perspective. Policy Science. 35, 91–119. Iannone, F. (2012) ‘The private and social cost efficiency of port hinterland container distribution through a regional logistics system’, Transportation Research Part A: Policy and Practice, Vol. 26, No.9, pp. 1424–1448. McKinnon, A. et al. (Eds.) (2010) Green Logistics: Improving the Environmental Sustainability of Logistics. London: Kogan.