Resumo

Título do Artigo

Da Relação Entre Pessoas Transgêneras e a Organização: novos sujeitos para os estudos sobre diversidade organizacional
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Palavras Chave

Diversidade nas Organizações
Relações de Gênero
Pessoas transgêneras

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Maria Carolina Baggio Zanetti Nucci de Oliveira
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração

Reumo

A área de Diversidade nas Organizações estuda as vivências de grupos com características distintas das do trabalhador arquetípico homem, branco, heterossexual, cisgênero, capacitado, ocidental. Ao analisarem-se os estudos sobre as relações de gênero, contudo, percebe-se que se concentram na dinâmica entre homens e mulheres e em países ocidentais desenvolvidos.
Para explorar essa problemática, este estudo buscou analisar as percepções que a pessoa transgênera mantém sobre suas relações [1] com sua história profissional, [2] com as outras pessoas no ambiente de trabalho e [3] com as políticas e práticas da organização.
Pessoas transgêneras são pessoas cuja identidade e/ou expressão de gênero difere do esperado socialmente a partir da leitura feita sobre seu corpo ao nascer, rompendo com a lógica heteronormativa. No Brasil, por serem legítimos apenas os corpos que se atém a esse discurso, esse grupo é sistematicamente excluído de diversos espaços, incluindo o mercado de trabalho formal. Como consequência, temos que as vivências e as relações dessas pessoas com e no trabalho são invisibilizadas na teoria e prática da diversidade organizacional.
Com a intenção de operacionalizar as características qualitativa e exploratória inerentes a esta pesquisa, foram realizadas entrevistas presenciais semiestruturadas com seis pessoas transgêneras que correntemente trabalham em organizações.
A partir da análise das narrativas, constatou-se principalmente que o nível de passabilidade da pessoa impacta diretamente sua inserção no mercado de trabalho formal, de forma que situações que evidenciam a transgenereidade geralmente significam exclusão. Além disso, o desconhecimento sobre a transgenereidade permeia tanto as relações com os outros quanto com a organização, com a consequência de poucas políticas e práticas estruturadas para transgêneres. Empresas que escutam es empregades, contudo, aprendem a partir dessa relação.
Conclui-se que [1] as relações com o trabalho são marcadas pela restrição de oportunidades; [2] as relações no emprego entregam à pessoa a responsabilidade pela própria inteligibilidade e segurança; e [3] as relações com a organização variam de acordo com a maneira como esta encara a transgenereidade e os sistemas de voz.
Butler, J. (1986). Sex and Gender in Simone de Beauvoir's Second Sex. Connell, C. (2010). DOING, UNDOING, OR REDOING GENDER? - Learning from the Workplace Experiences of Transpeople. Gender & Society, 24(1), 31-55. Souza, E. M. d., & Carrieri, A. d. P. (2015). When Invisibility Is Impossible: Body, Subjectivity, and Labor Among Travestis and Transsexuals. Journal of Workplace Rights, 5(2), 1-11. Thomas, D. A., & Ely, R. J. (2002). Making Differences Matter: A New Paradigm for Managing Diversity Harvard Business Review on Managing Diversity. USA: Harvard Business School Press.