Resumo

Título do Artigo

Os invisíveis organizacionais sob a ótica da Sociologia das Ausências
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Palavras Chave

Sociologia das ausências
Invisíveis organizacionais
Profissionais de limpeza.

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Patrícia Teixeira Maggi da Silva
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - São Paulo

Reumo

Medeiros e Teixeira (2011) afirmam que é necessário olhar os fenômenos organizacionais com relação às consequências do controle do trabalho pelo capital e a exploração do trabalho. É necessário ampliar a compreensão desses fenômenos, analisando os mesmos sob outras perspectivas epistemológicas. Neste ponto, é possível identificar a potencialidade da Sociologia das Ausências de Boaventura de Sousa Santos, que será adotada para analisar a invisibilidade social dos profissionais de limpeza no contexto organizacional.
O problema de pesquisa que orienta o presente estudo é: O que profissionais do segmento de limpeza pensam sobre a invisibilidade social? A partir desta questão, foi definido como objetivo geral: compreender a invisibilidade social de profissionais de limpeza à luz da Sociologia das Ausências de Boaventura de Sousa Santos.
O referencial teórico está embasado sociologia das ausências de Boaventura de Souza Santos (2002, 2010), para quem os saberes hegemônicos do paradigma científico da ciência moderna devem ser superados. Neste sentido, as organizações devem buscar o desenvolvimento de relações sociais pautadas pela dignidade e emancipação de seus membros. O referencial teórico foi complementado pela invisibilidade social de Costa (2004) e Alcadipani (2012).
Estudo qualitativo básico ou genérico (MERRIAM, 1998). Os dados foram obtidos por meio de entrevistas em profundidade com 14 profissionais de uma empresa de prestação de serviços. Os dados foram analisados por meio da análise textual interpretativa de Gil Flores (1994). Foram definidos como temas abrangentes de análise, as cinco formas de produção de ausências de Santos (2002, 2010): Monocultura do saber e do rigor do saber, Monocultura do tempo linear, Monocultura da naturalização das diferenças, Escala dominante ou produção da inexistência e Produtivista.
Nas cinco lógicas ou formas de produção de não existência de Santos (2002) foi possível identificar alguma forma de invisibilidade dos profissionais de limpeza, sendo a mais significativa a monocultura da naturalização das diferenças. Dentro da invisibilidade, emergiram questões de gênero, raça, formas de discriminação e não valorização do trabalho desses profissionais. Há mais conscientização da invisibilidade dos profissionais de limpeza e ações individuais e localizadas estão sendo tomadas pelos profissionais das empresas prestadoras de serviço.
É possível inferir que a invisibilidade que emergiu na forma de discriminação e não valorização do trabalho dos profissionais de limpeza está relacionada à cultura brasileira, que pode exercer impacto sobre a cultura organizacional. A conscientização dos profissionais nas organizações é importante, pois no Brasil, questões relacionadas à desigualdade social não são debatidas, o que impede uma reflexão crítica sobre formas de diminuí-las, ou eliminá-las. Novas perspectivas teóricas podem trazer contribuições, tais como os estudos de Roberto da Matta e Jessé de Souza (A ralé brasileira).
ALCADIPANI, R. Invisíveis Organizacionais. Revista GV-Executivo v.11, n.1, 2012. COSTA, F. B. Homens Invisíveis – Relatos de uma humilhação social. Ed. Globo, 2004. MEDEIROS, A. L.; TEIXEIRA, M. L. M. A Potencialidade do Pensamento de Boaventura Santos para os Estudos Organizacionais. In: Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade – EnEPQ, III, 2011, João Pessoa-PB. ANAIS... João Pessoa, 2011. SANTOS, B. S. S. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, n.63, p.237-280, 2002.