Resumo

Título do Artigo

Prática Científica nas Pesquisas em Estratégia nos Programas Stricto Sensu em Administração no Brasil, sob a Ótica de Bourdieu
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Palavras Chave

prática científica em estratégia
habitus
capital científico

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Métodos e Técnicas de Pesquisa

Autores

Nome
1 - Adriana de Sousa Lima
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Foz do Iguaçu
2 - Silvana Anita Walter
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Marechal Cândido Rondon
3 - Regina Coeli Machado e Silva
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Cels

Reumo

O contexto da pesquisa científica pode ser considerado como campo científico, um espaço social formado por relações de força entre agentes que acumulam capital científico. O funcionamento desse campo produz e supõe uma forma específica de interesses, contaminado pelo conhecimento da posição ocupada nas hierarquias instituídas do campo e que influenciam diretamente as escolhas das práticas científicas.
O processo de constituição do campo científico, com todos os elementos que o compõem não é explicitamente analisado nas pesquisas em estratégia no Brasil. O fato é que os estudos são centrados na produção acadêmica, ou seja, são focados em “o que” se produz e não em “quem” as produz. Para responder a esta problemática, definiu-se como objetivo compreender a prática científica nas pesquisas em estratégia nos programas acadêmicos stricto sensu em administração no Brasil.
As abordagens teórico-empírica consideradas neste estudo foram a teoria sociológica de Bourdieu: a teoria do campo científico; a teoria de habitus; os capitais de Bourdieu: capital econômico; capital cultural; capital social; capital simbólico e as duas espécies de capital do campo científico; a produção e reprodução do conhecimento na perspectiva de Bourdieu; stricto sensu no Brasil; construção histórica e teórica do corpo de conhecimento em estratégia e o posicionamento dos agentes nas escolhas metodológicas das pesquisas em estratégia.
Sem a pretensão de cristalizar o objeto de investigação num sistema classificatório, esta pesquisa manteve um permanente controle operacional das atividades de coleta de dados com a dupla função de limitar o campo de investigação e de possibilitar compreender seu funcionamento. A estratégia da pesquisa combinou aspectos da praxiologia proposta por Bourdieu e a técnica de estudo de caso coletivo e envolveu análises estatísticas com um conjunto de entrevistas em profundidade.
Os principais achados demonstram que as práticas científicas funcionam como uma reação mecânica, diretamente determinada pelas condições que a antecedem, ajustadas às exigências inscritas nas estruturas do campo. Identificou-se, na pesquisa analisada, quanto às abordagens epistemológicas revisadas, a predominância de estudos que buscam construir relações objetivas em que o agente social aparece como mero executante de algo que se encontra objetivamente programado, que lhe é exterior e a hegemonia de pesquisas quantitativas.
Percebeu-se que a prática científica dos agentes nas pesquisas em estratégia repousa sobre o reconhecimento de uma competência que, para além dos efeitos que ela produz, proporciona autoridade e contribui para definir não somente as regras do jogo, mas também sua regularidade. Para superar essas forças conservadoras será preciso abandonar as teorias que tornam explicíta ou implicitamente a prática como uma reação mecânica, explorar novos caminhos e lançar pontes entre os domínios de conhecimento, ultrapassar as fronteiras institucionais estabelecidas e criar condições para inovar.
BOURDIEU, P.Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996. 231 p. ______. O campo científico. In: ORTIZ, R. (Org.). Pierre Bourdie: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122-155. GOMEZ, M. L. A bourdieusian perspective on strategizing. In: GOLSORKHI, D; ROULEAU, L; SEIDL, D; VAARA, E. (eds.) The Cambridge Handbook on Strategy as Practice. Cambridge University Press: Cambridge, pp.63-78, 2010.