Resumo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em seu site oficial em março de 2020 que o vírus da Covid-19 se caracterizou com uma pandemia. De acordo com o comunicado oficial, a rápida disseminação do vírus, a facilidade de contágio e crescente número de casos, o vírus se caracteriza como pandemia devido a sua presença em todos os continentes do mundo. As medidas de isolamento e distanciamento social adotados no período da pandemia, impactaram diretamente o setor de atuação das empresas, em razão das incertezas geradas por calamidades sanitárias.

As medidas de isolamento e distanciamento social adotados no período pandêmico, entre 2020 e 2021, impactaram diretamente os setores de petróleo, gás e biocombustíveis e materiais básicos no Brasil, uma vez que a mobilidade da população diminuiu e, consequentemente, a demanda por consumo de bens comercializados pelos setores anteriormente mencionados também. Assim, o objetivo do presente artigo é analisar as implicações da pandemia nos indicadores econômicos e financeiros das empresas listadas na [B]3 pertencentes aos setores de petróleo, gás, biocombustíveis e materiais básicos no Brasil.

Silva e Santos (2019) afirmam que o valor de mercado das empresas petrolíferas é afetado por crises. Em 2021, os reflexos da pandemia da Covid-19 afetaram o mercado de energia mundial, tanto na produção quanto no consumo global de biocombustíveis. Resende e Sales (2021) analisaram o comportamento do coeficiente beta das ações brasileiras no período da crise gerada pela Covid 19 e concluíram que houve estabilidade nos coeficientes. Assim, percebe-se a necessidade de apresentar evidências empíricas sobre os efeitos da Covid-19 nos indicadores econômico-financeiros em empresas brasileiras.

Foram analisados os impactos econômicos e financeiros de 44 empresas dos setores de petróleo, gás, biocombustíveis e materiais básicos da [B]3, no período entre 2018 e 2021. Os dados foram coletados da base de dados ComDinheiro e das demonstrações financeiras divulgadas pelas companhias. Os valores foram padronizados e submetidos aos cálculos de liquidez, endividamento, composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido, imobilização dos recursos permanentes, retorno sobre patrimônio líquido, giro do ativo, e margem líquida.

O setor de petróleo, gás e biocombustíveis tiveram os índices afetados pela pandemia, pois apresentaram queda em sua maioria. A diferença fica ainda quando comparando os anos de 2018 e 2020. O subsetor de embalagens apresentou média decrescente ao longo dos quatro anos analisados. O subsetor de siderurgia e metalurgia apresentou uniformidade nos índices de liquidez durante todos os anos, mantendo sua capacidade de pagamento. O subsetor de químicos apresentou estabilidade nos seus índices durante todos os períodos, corroborando as conclusões de Freitas (2021) e Oliveira et al. (2021).

Os índices econômicos dos subsetores de petróleo, gás e biocombustíveis e embalagens e mineração foram impactados pela crise ocasionada pela pandemia do coronavírus. Os demais setores apresentaram baixa variação de seus indicadores nos períodos sugerindo que não foram afetados drasticamente pela pandemia de Covid-19. Não obstante, embora a maioria dos subsetores analisados não tenham sido afetados pela pandemia no que tange seus indicadores econômicos e financeiros, um dos impactos que afetaram todas as empresas analisadas foi o aumento do preço dos produtos desde o início da pandemia.

ASSAF NETO, A. Estruturas e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. São Paulo: Grupo GEN, 2020. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597024852/. Acesso em: 31 ago. 2022. SILVA, R. C.; SANTOS, O. M. Influência das oscilações do preço do barril de petróleo nas informações contábeis de empresas petrolíferas. Revista Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 30, n. 3, p. 1-17, set./dez. 2019. Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/4344. Acesso em: 22 set 2022.