Resumo

A adoção das IFRS no Brasil a partir de 2010 trouxe a obrigatoriedade de divulgação de informações financeiras. Porém, a conformidade e evidenciação contábil podem ser questionadas devido a fatores como conhecimento, treinamento, controles internos e complexidade dos instrumentos derivativos. O estudo aplicará a teoria da divulgação baseada em julgamento para analisar as decisões de divulgação das empresas.

Como evoluiu o processo de divulgação dos instrumentos financeiros derivativos adotados pelas empresas brasileiras listadas na B3? objetivo geral deste trabalho é identificar a evolução do processo de divulgação dos derivativos financeiros utilizados como hedge nas empresas brasileiras listadas na B3 Bolsa, Brasil, Balcão. Objetivos específicos: a)Identificar as informações contábeis das empresas sobre o tema hedge accounting; b)Analisar se as informações sobre política de hedge estão aderentes ao determinado no CPC 40(1R); c)Compreender o comportamento das empresas ao longo dos anos sobre HA.

Aborda diferentes teorias relacionadas ao risco em empresas e finanças. Desde as contribuições iniciais de Fisher sobre retorno do investimento e risco, passando pela teoria de Modigliani e Miller sobre estrutura de capital e benefício fiscal, até a teoria da agência de Jensen e Meckeling sobre conflitos de interesse entre proprietários e administradores. Também são mencionadas as teorias de estrutura de capital Trade-Off e Pecking Order, a teoria da divulgação de Verrecchia e Dye, e a adoção das normas internacionais de contabilidade pela CVM a partir de 2007.

Foram coletados via sistema Economática® os dados de 10 anos das empresas listadas na bolsa de valores B3, totalizando 221 empresas entre os anos de 2010 e 2019. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e regressão linear apurada com painel de dados. As variáveis explicativas incluídas no modelo foram: Tamanho, rentabilidade, endividamento e auditoria por "Bigfour". Foram atribuídas notas para cada observação de acordo com a aderência àquilo determinado no CPC 40(R1).

Foi possível identificar que 45,7% das observações apresentavam informações de HA. E que dentre estas, apenas 2011 foi encontrada uma média inferior, sendo que os demais anos apresentaram médias estatisticamente iguais. Tal fato impactou no poder explicativo do modelo de regressão, visto que a variabilidade dos dados é um dos pré-requisitos. Foi possível observar que a variação entre empresas apesar de baixa, é maior que a interna de cada empresa. A única variável explicativa que apresentou significância foi a Auditoria, mas o poder preditivo do modelo não nos permite maiores inferências.

Com base nos dados, as empresas estudadas podem estar satisfeitas com a divulgação de informações de hedge ou consideram que os stakeholders não valorizam a falta de informação. Outra possibilidade é o mercado acionário brasileiro ser menos desenvolvido, resultando em investidores com menor capacidade de análise. Programas de capacitação visam melhorar a compreensão dos investidores, mas o mercado ainda está defasado em relação a outros países.

Dye, R. A. (2001). An evaluation of “essays on disclosure” and the disclosure literature in accounting. Journal of accounting and economics, 32(1-3), 181-235. Iatridis, G. (2012). Hedging and earnings management in the light of IFRS implementation: Evidence from the UK stock market. The British accounting review, 44(1), 21-35. Turra, F. J. (2016). Verificando o nível de adoção da “IFRS 7/CPC 40-instrumentos financeiros: divulgação” por empresas brasileiras. Verrecchia, R. E. (2001). Essays on disclosure. Journal of accounting and economics, 32(1-3), 97-180.