Resumo

Título do Artigo

REFLEXÕES SOBRE A DIMENSÃO SIMBÓLICA DO PROCESSO DE EMPRESARIZAÇÃO E A CONSTIUIÇÃO DO HABITUS EMPRESARIAL
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Palavras Chave

Empresarização
habitus
simbólico

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - Sabrina Sampaio Rakow
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - Centro Socioeconômico
2 - Marcio Silva Rodrigues
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL) - Centro de Ciências Socio-Organizacionais
3 - Larissa Ferreira Tavares
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG) - ICEAC

Reumo

Este trabalho parte da centralidade da empresa no mundo, do quão apreciado passou a ser a ideia de empresa e a força que ela pode ter nos mais diversos espaços e campos. Os avanços nos estudos sobre empresarização nos mostram a forma como este fenômeno atua em diferentes estruturas, no entanto, cabe aqui, discutir a dimensão simbólica que atravessa esse processo, resultando na formação de um habitus essencialmente empresarial, enraizado e perceptível nas ações, escolhas e comportamentos do indivíduos e alinhado aos anseios da sociedade moderna.
O objetivo deste ensaio consiste em associar a teoria do processo de empresarização às principais contribuições de Pierre Bourdieu para discutir a dimensão simbólica do referido processo e delinear o conceito de habitus empresarial. Para isso, será feita uma aproximação entre a teoria do processo de empresarização às contribuições centrais de Pierre Bourdieu, sobretudo os conceitos de habitus, campo e capital.
Associamos o processo de empresarização aos estudos de Pierre Bourdieu, com um olhar mais aprofundado para a reconfiguração do habitus empresarial, alinhado aos interesses de uma classe dominante e influenciado pelo cenário neoliberal, que atua de maneira generalizada tanto nas estruturas e nos agentes que são de alguma forma afetados por ele durante o seu processo de socialização ou constituição. Por isso, entendemos a empresa como uma instituição produtora e reprodutora de um conjunto de bens simbólicos que parecem ditar uma determinada ordem.
A empresa como instituição central na sociedade moderna, além de produtora de bens simbólicos, também é afetada por uma série de influências, uma vez que é fruto de processos históricos de mudanças sociais, políticas e econômicas. O habitus empresarial, que atravessa tanto agentes como estruturas, é uma união entre o clássico e o moderno, entre aspectos morais que ditam uma ordem social oriunda das instâncias tradicionais, associados à ideia de igualdade, liberdade e progresso, principalmente econômico, capaz de mascarar o processo violento e desigual que permeiam as relações empresariais.
O habitus empresarial como uma força socializadora, compreende um conjunto maior de valores e saberes não apenas relacionado à aspectos essencialmente mercadológicos e utilitários. Existe uma fé nos preceitos empresariais, ainda que inconsciente, que faz com que o processo de empresarização, assim como as práticas empresariais, percam o seu tom racional. A crença na empresa como instituição central no mundo e nos indivíduos que detêm poder dentro dela, transforma o conjunto simbólico que remete à essa instituição, em uma questão moral, de comportamento adequado, ético e correto.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução de Fernando de Tomaz. Memória e Sociedade, Editora Bertrand Brasil S.A. Rio de Janeiro, 1989 RODRIGUES, M. S.; DA SILVA, R. Empresarização e Modernidade: A ideia de Empresa no Centro do Mundo. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais. v. 6, n. 1, p. 40- 76, abr. 2019a. SOLÉ, Andreu. L’enterprisation du monde. In: CHAIZE, Jaques; TORRES, Félix. Repenserl'entreprise: Saisir ce qui commence, vingt regards sur une idée neuve. Paris: Le Cherche Midi, 2008.