Resumo

A intermediação financeira realizada pelos bancos é essencial para o funcionamento das economias, permitindo a transferência de recursos entre os agentes econômicos. Os bancos recebem recursos do público e concedem empréstimos, cobrando uma taxa de juros maior do que a paga pelos depositantes, resultando no spread bancário. Variações no spread podem afetar o custo do dinheiro, o emprego, a estabilidade de preços e o crescimento econômico. Países menos desenvolvidos são mais afetados pelas variações no spread devido à dependência de empréstimos bancários.

Estudos anteriores identificaram três categorias de fatores que determinam os spreads: variáveis bancárias, macroeconômicas e governamentais. No entanto, há uma lacuna na pesquisa que explore o impacto do desenvolvimento econômico como determinante do spread bancário. Diante desse contexto, esta pesquisa tem como objetivo investigar a relação entre o nível de desenvolvimento econômico, a eficácia do governo e as variações nos spreads da intermediação financeira.

A intermediação financeira desempenha um papel crucial na correção das falhas de mercado decorrentes da informação assimétrica e imperfeita. As instituições financeiras têm a função de reduzir os custos de transação e melhorar a alocação eficiente dos recursos na economia. A teoria da intermediação financeira destaca a importância dos intermediários financeiros na mobilização de poupanças, concessão de crédito e impulsionamento do crescimento econômico, superando as deficiências do mercado causadas pela assimetria e imperfeição da informação.

Foi aplicado a regressão hierárquica linear com três níveis. Primeiramente, foi estimado o modelo hierárquico não convencional, que permitiu verificar a proporção da variância do spread que é explicada pelo nível de desenvolvimento econômico. Na sequência, o modelo de tendência linear com interceptos aleatórios, com o intuito de investigar se a variável temporal (ano) apresenta relação com o comportamento do spread. Por fim, estimou-se o modelo hierárquico linear com três níveis completo, que proporcionou a análise da relação entre a eficácia do governo com o spread da intermediação financeira

A partir do resultado do modelo não convencional, que 46% das variações nos spreads são explicadas pelo nível de desenvolvimento econômico do país. Já com a aplicação do modelo de tendência linear com interceptos aleatórios, verificou-se que a variação anual do spread é estatisticamente significativa, com um parâmetro de diminuição anual estimado de -0,065 (coeficiente da variável Ano). Por fim, o resultado do modelo completo demonstrou que índice de eficácia do governo apresentou relação negativa e estatisticamente significativa com o spread.

Os resultados deste estudo destacam a importância do nível de desenvolvimento econômico e do índice de eficácia do governo na determinação dos spreads bancários. Os resultados mostraram que países com maiores níveis de desenvolvimento tendem a ter spreads mais baixos, o que está relacionado a sistemas financeiros mais estáveis, com maior capitalização e menor volume de empréstimos problemáticos. Por outro lado, nas economias emergentes e em desenvolvimento, os spreads são mais elevados devido aos maiores riscos associados à intermediação financeira.

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