Resumo

Título do Artigo

Precisamos Falar (e Agir) sobre Neurodiversidade e Trabalho
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho

Palavras Chave

Neurodiversidade
Inclusão
Trabalho

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Márcio Moutinho Abdalla
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) - PPGA-MPA
2 - Lorena Brito Pereira das Neves
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) - Volta Redonda
3 - Joyce Gonçalves Altaf
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Caxias

Reumo

A ideia de neurodiversidade vem sendo empregada como um conceito guarda-chuvas e alude, de maneira ativa, à variedade de transtornos no desenvolvimento neurocognitivo, incluindo o transtorno do espectro autista (TEA), o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDAH), além de outras condições. Dessa forma, é esperado que maior atenção seja dada ao tema por campos de conhecimento que se ocupem em compreender questões relativas ao aprendizado e ao desenvolvimento, sobretudo de crianças e jovens.
No campo da administração o debate é incipiente, sendo urgente promovê-lo, uma vez que indivíduos neurodivergentes precisam ser genuinamente incluídos no mercado de trabalho. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a produção científica que relaciona neurodiversidade e o mundo do trabalho. Para isso, promovemos uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) a partir das bases de dados Web of Science (WoS), Scopus e Sage Journals, sem restrição de datas, já que o conceito é relativamente recente, tendo seu primeiro registro no ano de 1999, ao ser cunhado por Judy Singer.
Estima-se que aproximadamente uma a cada 100 crianças são diagnosticadas com transtorno do espectro autista em todo o mundo, ou seja, em torno de 1% da população global. Em relação ao TDAH, há estudos que sugerem uma prevalência global entre 2,58% e 6,76%, e outros que indicam o valor convergente de 5,29% da população global (Polanczyk, de Lima, Horta, Biederman, & Rohde, 2007). Em outras palavras, considerando a diversidade de transtornos no desenvolvimento neurocognitivo, chega-se à alarmante estimativa de que 15 a 20% da população mundial seja neurodivergente (Blackburn, 2023).
No que diz respeito aos achados bibliométrico, verificamos que as cinco referências mais citadas foram Austin & Pisano (2017) - Harvard Business Review (77 citações); Woods, Milton, Arnold, & Graby (2018) - Disability & Society (65 citações); Baker (2006) - Disability & Society (47 citações); Lorenz & Heinitz (2014) - PLOS One (43 citações); e Krzeminska et al. (2019) - Journal of Management and Organization (41 citações). Os periódicos com maior número de trabalhos sobre o tema (4 em cada um deles) foram o Disability & Society, e Equality Diversity and Inclusion.
Apesar do recém crescimento nas publicações, compreendemos que o mesmo ainda seja tímido, se levarmos em consideração a importância do tema, que carece de profunda compreensão no âmbito da academia, além de práticas mais inclusivas e humanizadas nos recintos de trabalho. Há um longo caminho a trilhar, tanto na academia, quanto na prática, que inclui o combate aos preconceitos e à desinformação, a crítica e a contraposição aos modelos “meritocráticos” de recrutamento, seleção e avaliação, além da própria compreensão empática de que cérebros distintos compreendem e reagem de maneiras distintas.
Doyle, N., & McDowall, A. (2022). Diamond in the rough? An “empty review” of research into “neurodiversity” and a road map for developing the inclusion agenda. Equality, Diversity and Inclusion: An International Journal, 41(3), 352–382. Krzeminska, A., et al. (2019). The advantages and challenges of neurodiversity employment in organizations. Journal of Management & Organization, 25(04), 453–463. Mellifont, D. (2023). Ableist ivory towers: a narrative review informing about the lived experiences of neurodivergent staff in contemporary higher education. Disability & Society, 38(5), 865–886.