Resumo

Título do Artigo

Estudos organizacionais sobre racismo e Filosofia da Diferença: uma aliança possível
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Palavras Chave

Racismo
Filosofia da Diferença
Ontologias e epistemologias

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Rafael Augusto Kwiatkoski Vieira
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Higienópolis

Reumo

O interesse pelo tema Racismo tem ganhado força nos últimos anos, especialmente após o assassinato de George Floyd (Barrie, 2020). No âmbito dos estudos organizacionais, ainda há uma pequena quantidade de trabalhos a esse respeito (Nkomo, 2021) e a coerência entre pressupostos ontológicos e epistemológicos com metodologias e desenhos de pesquisa é um ponto fundamental para a qualidade da produção acadêmica. A filosofia da diferença, de Deleuze e Guattari, constitui um campo conceitual relevante na pós-modernidade e é capaz de oferecer uma ontologia conectada a dilemas atuais, como o racismo.
O problema central deste trabalho é a utilização da filosofia da diferença enquanto fundamento ontológico e epistemológico para os estudos sobre racismo em organizações. Sendo assim, definem-se os seguintes objetivos: a partir do levantamento da literatura a respeito do tema “Racismo em Organizações”, verificar se a utilização da filosofia da diferença é uma prática vigente nesses estudos; refletir sobre contribuições possíveis da filosofia da diferença para os estudos sobre racismo em organizações.
A relação colonial sustenta os principais fundamentos da relação racial (Memmi, 2021), conectada que está à manutenção de privilégios até os dias de hoje. O conceito de raça foi inventado (Almeida, 2018) como modo de exploração e expropriação de uns sobre outros e as relações raciais permanecem marcando diferenças sociais (Diamond & Gomez, 2023). Nascida de práticas revolucionárias e de engajamento social, a Filosofia da Diferença oferece uma máquina de guerra conceitual capaz de dar suporte a pensamentos e práticas antirracistas, por meio de um paradigma ético, estético e político.
Foram encontrados 26 trabalhos com os termos "Racism" AND "Organizations", no campo Título das bases de dados Web of Science e Scopus. Apenas 12 dos 26 trabalhos assumem um posicionamento claro em relação ao campo teórico a que pertencem e os demais trabalhos utilizam autores de campos variados, não sendo possível a identificação a uma corrente de pensamento específica. A análise dividiu os trabalhos em quatro blocos, em relação aos pressupostos: paradigma positivista, abordagem psicossocial, abordagem sociológica-institucional e paradigma crítico.
A obra de Deleuze e Guattari não figurou nas referências bibliográficas de nenhum dos 26 trabalhos encontrados. A maioria deles não revela claramente um paradigma que suporte, do ponto de vista ontológico, as análises efetuadas. Isso revela um espaço possível de utilização da Filosofia da Diferença enquanto suporte ontológico e epistemológico capaz de sustentar pesquisas sobre racismo no campo dos estudos organizacionais. A multivocidade trazida por Deleuze e Guattari é afirmadora da vida enquanto diferença, que ultrapassa a pessoalidade e investe em modos coletivos e intersubjetivos.
Barrie, C. (2020). Searching Racism after George Floyd. Socius: Sociological Research for a Dynamic World, 6, pp. 1-3. Deleuze, G. (2012). Empirismo e Subjetividade: ensaio sobre a natureza humana segundo Hume (2ª ed.). São Paulo: Editora 34. Guattari, F. (2012). Caosmose: um novo paradigma estético (2ª ed.). São Paulo: Editora 34. Nkomo, S. M. (2021). Reflections on the continuing denial of the centrality of “race” in management and organization studies. Equality, Diversity and Inclusion: An International Journal, 40(2), pp. 212-224. doi:https://doi.org/10.1108/EDI-01-2021-0011