Resumo

Título do Artigo

MOSAICOS INOVADORES PARA AS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS: Teorias e práxis feministas e antirracistas
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Palavras Chave

Feminismo
Antirracismo
Queer

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Andressa de Sousa Santos Ferreira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - PPGNEIM

Reumo

Na composição de uma sociedade ocidental cisheteronormativa, as Ciências Sociais Aplicadas reproduziram opressões desde construção teórica a proposição de modelos e ferramentas sob a tutela da ciência e aceitação acadêmica. Marcadamente formulado por homens, o ambiente científico considerou ponto de partida para a investigação lentes masculinistas do mundo. Nesse contexto, legitima-se a ideia de que a ciência foi construída por homens, a quem devemos reverência e devoção, e que nos faz acreditar que inexistiam pensadoras, teóricas, cientistas até o século XIX.
Portanto, a inviabilização de mulheres no passado remoto e o silenciamento no (passado) presente se configura como uma tentativa de manutenção de hegemonias. Ora, é possível refletir sobre a contribuição de teorias feministas às epistemologias das Ciências Sociais Aplicadas? O objetivo deste artigo compreende discutir a contribuição das teorias feministas em termos de lentes que romperam o status quo da ciência, de transgressões ao feminismo tradicional e de mosaicos queer, com base em autoras feministas, decoloniais e negras.
A fundamentação teórica apresenta a visão feminista de Simone de Beauvoir (2009) pelas lentes de Carol Ascher (1991), além de Margaret Mead (1979) e as de Henrietta Moore (1997). Propositalmente, para romper a tradição de silenciamento de produções do Sul Global, no tópico transgressão de téoricas feministas negras são apresentadas uma estadunidense, uma brasileira e uma nigeriana (COLLINS, 2017, 2019; BAIRROS, 1995; OYĚWÙMÍ, 2021). Sobre as teóricas queer (of color), três artigos produzidos por Jasbir Puar (2013); Larissa Pelúcio (2014); Caterina Rea e Izzie Amancio (2018).
Desafios epistemológicos são tensionados em toda a trajetória de evolução humana e ganha expressividade mediante as valorações sociais. Parece improvável que a aplicação de pesquisas no cotidiano da sociedade contemplará democraticamente todas as pessoas, se grupos marginalizados não são foco dos estudos – nem a análise das relações hierárquicas interpostas, se estas pessoas não estão acessando a formação acadêmica, se não estão sendo incorporadas no mercado de trabalho nos três níveis (institucional, tático e operacional) e se o conhecimento produzido por elas é desconsiderado.
Os feminismos, em suas mais variadas correntes e estudos, denunciam reiteradas opressões vivenciadas por quem não é homem hétero branco rico. As lentes, transgressões e mosaicos dos feminismos ajudam destacar a necessidade de mudança do embasamento teórico que vem sendo utilizado na construção do conhecimento nas áreas das Ciências Sociais Aplicadas. Nesse sentido, a principal conclusão desse estudo foi provocar o desconforto do modus operandi acadêmico para assumir que a transformação social depende de epistemologias pensadas a partir e com os feminismos.
ASCHER, Carol. Simone de Beauvoir: uma vida de liberdade. São Paulo: Ed Francisco Alves, 1991. BAIRROS, Luiza. Nossos Feminismos Revisitados. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, ano 3, n. 2, 1995, pp.458-463. MEAD, Margaret. Sexo e Temperamento. Tradução de Rosa Krausz. São Paulo: Perspectiva, 2a. ed. 1979. OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Trad. Nascimento, Wanderson Flor do,. 1. ed., Rio de Janeiro: Editora Bazar do Tempo, 2021. 324 p.