Resumo

As mulheres enfrentam muitos desafios para seu crescimento profissional. Ambrosini (2017) identificou uma sub-representação de mulheres em cargos de alta gestão incluindo os de Reitoria e Vice-Reitoria. A autora observou que as mulheres ocupam uma parcela menor desses cargos em comparação aos homens. A representatividade feminina nas Universidades também foi investigada por Siqueira, Miranda e Cappelle (2019), que observaram um cenário de sub-representação da mulher em cargos de gerência universitária e apontaram para as faces do preconceito e da discriminação na gestão universitária.

Qual a representação feminina na ocupação dos cargos de alta gestão nas Instituições Federais de Ensino Superior da Região Nordeste do Brasil? Assim, este estudo teve como objetivo analisar a representatividade da mulher nos cargos de alta gestão em Instituições Federais de Ensino Superior e Institutos Federais da Região Nordeste, em exercício no ano de 2022. Como cargos de alta gestão foram delimitados os cargos da Reitoria, Vice-Reitoria e Pró-reitoras.

Segundo Côrrea (2004), a inserção profissional formal da mulher foi marcada pela desvalorização de sua mão-de-obra. Nesse período se iniciou um fenômeno que ainda se manifesta nos dias atuais: as mulheres foram direcionadas para as funções subalternas, enquanto aos homens couberam-lhes os cargos de liderança. Conforme Vaz (2013), mesmo as instituições públicas, que contam com processos de contratação por meio de concurso público, não estão isentas do fenômeno do teto de vidro no acesso às funções de alta hierarquia.

Pesquisa quantitativa e descritiva com o uso de dados secundários, obtidos a partir de sites oficiais das instituições pesquisadas e de estudos anteriores. Foram realizadas consultas às páginas oficiais de todas as Instituições Federais de Ensino da Região Nordeste, ou seja, os Institutos Federais de Educação e Universidades do Sistema Federal de Ensino, no intuito de identificar os ocupantes dos cargos de Reitorias, Vice-reitorias e Pró-reitorias. Ao todo, realizaram-se buscas nas páginas dos 11 Institutos Federais e 20 Universidades Federais da região Nordeste.

Apesar de alguns tipos de Pró-reitorias terem uma maior ocupação de mulheres, prevalece o cenário de predominância da participação masculina em todas as instituições investigadas, demonstrando que ainda são necessários muitos avanços na promoção da equidade na ocupação de cargos de liderança nas IFES. O número reduzido de mulheres ocupantes desses cargos, conforme observado nesse trabalho, também já foi documentado em estudos anteriores. Os resultados do presente estudo revelam um cenário semelhante ao encontrado em instituições de diferentes porções do país, com predominância masculina.

Predominância masculina na ocupação de cargos de alta gestão nas IFES do Nordeste, apontando para a necessidade de uma investigação mais aprofundada, de modo a caracterizar o fenômeno e compreender os processos que determinam a escolha dos ocupantes desses cargos. De uma perspectiva mais ampla, a falta de equidade na representatividade feminina, tal como se observa nas IFES nordestinas, também atinge outras esferas da sociedade, como na participação política.

AMBROSINI, A. B. A representação das mulheres como reitoras e vice-reitoras das universidades federais do Brasil: um estudo quantitativo. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE GESTÃO UNIVERSITÁRIA, 17., 2017, Mar Del Plata. Anais eletrônicos... Mar Del Plata: Universidade Nacional Mar Del Plata, 2017. Disponível em: . Acesso em: 01 mai. 2022. CORRÊA, A. M. H. O assédio moral na trajetória profissional de mulheres gerentes: evidências nas histórias de vida. 2004. 184f. Dissertação (Mestrado em Administração) –Centro de Pós-Graduação e Pes