Resumo

As empresas sociais dependem da satisfação de desígnios econômicos e sociais para sobreviverem. Nesse cenário, a gestão do conhecimento e a aprendizagem organizacional se apresentam como impulsionadoras de ambos os aspectos. Entretanto, levando em consideração as tensões e a complexidade das empresas sociais, há uma maior necessidade de investigar os contextos específicos pelos quais essas organizações adquirem e gerenciam conhecimento. Tal investigação ajuda a contribuir com a expansão do arcabouço teórico da área e com a diminuição de lacunas conceituais que distanciam teoria e prática.

A partir da identificação de um desconhecimento de como as empresas sociais aprendem e de como elas gerenciam conhecimento, capacidade fundamental para o crescimento e performance dessas organizações, este artigo objetiva analisar a gestão do conhecimento e o processo de aprendizagem organizacional em empresas sociais por meio da síntese da literatura existente sobre o tema para apresentação de quadros integrativos.

As empresas sociais podem ser definidas como empresas que se utilizam de fatores comerciais para gerar receita ao mesmo tempo em que buscam a concretização de um propósito social (Doherty et al., 2014; Ridley-Duff & Bull, 2016). Nesse sentido, a cultura de aprendizagem gerada pela gestão do conhecimento (Farooq, 2020), e a própria aprendizagem organizacional (Huber, 1991; Argote & Miron-Spektor, 2011) contribuem para o sucesso dessas organizações, entretanto, observando-se as especificidades do contexto onde essas empresas se inserem.

A literatura crítica em gestão do conhecimento identifica a necessidade de diferenciação do conhecimento em contextos diversos para diminuir vieses de integração do conhecimento (Barley, et al. 2018). O estudo do conhecimento em empresas sociais contribui para essa diferenciação. Do mesmo modo, reconhece-se nas empresas sociais certa sensibilidade à processos de aprendizagem organizacional latentes em empresas tradicionais, como o estímulo às interpretações intersubjetivas dos fenômenos (Miranda, Saunders, 2003), havendo oportunidades de pesquisa em áreas críticas do campo teórico.

As empresas sociais gerem o conhecimento no intuito de potencializar inovações, performance organizacional, capacidades organizacionais, geração de valor social e interações com partes interessadas, diferenciando-se noções formais de informais. Ao mesmo tempo, as empresas sociais aprendem através de interações com partes interessadas externas e internas, mecanismos de conhecimento, usos de tecnologia e pesquisa formal e informal. Identifica-se também uma necessidade de pesquisas futuras que levem em consideração a dimensão crítica ao avaliar conhecimento e aprendizagem em empresas sociais.

Argote, L., & Miron-Spektor, E. (2011). Organizational Learning: From Experience to Knowledge, Organization Science, 22(5), 1123-1137. Doherty, B., Haugh, H., & Lyon, F. (2014). Social Enterprises as Hybrid Organizations, International Journal of Management Reviews, 16, 417-436 Farooq, R. (2020). Developing a conceptual framework of knowledge management, International Journal of Innovation Science, 11 (1), 139-160. Urban, B., & Gaffurini, E. (2018). Social Enterprises and Organizational Learning in South Africa, Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, 10(1), 117-113.