Resumo

Título do Artigo

Organizações e violência doméstica: reflexões a partir das teorias de violência de gênero e divisão sexual do trabalho
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Palavras Chave

violência doméstica
violência de gênero
Relações de trabalho

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Elaine Barbosa da Silva
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Lapa
2 - Rejane Prevot Nascimento
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - PPGA

Reumo

A violência contra a mulher é um fenômeno mundial e é considerado pela OMS como uma crise de saúde pública de proporções pandêmicas (OMS, 2021). No Brasil, uma em cada quatro mulheres já sofreu algum tipo de violência (FBSP, 2019). A independência financeira poderia ser um meio da mulher romper com o ciclo de violência, porém, a pesquisa do IPEA aponta que, do total de pesquisados que afirmaram ter sofrido violência doméstica, 52,2% são do sexo feminino e pertencentes à População Economicamente Ativa, em contrapartida 24,9% estão entre aquelas que compõem a População Não Economicamente Ativa.
Dessa forma, além de enfrentarem dupla jornada (trabalho e cuidados da casa/família), muitas mulheres encaram, também, a violência doméstica. Essa condição produz inúmeras repercussões em sua performance, porém, se trata de um assunto quase nunca abordado pelas empresas. Sendo assim, o objetivo deste ensaio, partindo das teorias de violência de gênero e divisão sexual do trabalho, é de aprofundar as reflexões acerca da relação entre as organizações e a violência doméstica.
Para Piosiadlo et al (2014, p. 729), “[...] a expressão violência de gênero é usada para designar agressões e abusos decorrentes dos conflitos de gênero e da forma de lidar com eles [...]. A violência doméstica configura-se como aquela violência de gênero cometida no domicílio ou fora dele (Carneiro, 2020) "que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial" (Brasil, 2006). Enquanto a divisão sexual do trabalho trata das diferenças entre homens e mulheres no trabalho e as dificuldades sofridas por elas decorrentes dessa condição (Kergoat, 2009).
As organizações, considerando a necessidade de ocupação do mercado de trabalho pelas mulheres, passaram também a ser espaços que refletem essa hierarquização de poderes e influências entre homem e mulher. Manifestada, principalmente, pela divisão sexual do trabalho, as empresas são ambientes em que as mulheres também estão expostas aos mais diferentes tipos de violência. A discussão se fez por meio de duas proposições: 1 As organizações são espaços que reproduzem a violência de gênero; 2 As organizações, enquanto espaços hostis às mulheres, favorecem a perpetuação da violência doméstica.
As teorias de violência de gênero e divisão sexual do trabalho são uma base teórica importante para a contextualização e aprofundamento das reflexões acerca dos ambientes organizacionais enquanto espaços que promovem internamente a violência contra as mulheres e potencializam a ocorrência de violência doméstica. A omissão e inércia das empresas configura mais um ato de violência contra estas mulheres e reforça o quadro de violência estrutural sofrida por elas. É também a constatação de que o espaço do trabalho é um locus de trocas desiguais entre atores com poderes desiguais.
Brasil. (2006) Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm Acessado em: 04 Mai 2021.Carneiro, I. (2020). O processo de debate e a construção de direitos. In: Enfrentamento a violência doméstica e familiar contra a mulher. Fascículo 2. Fundação Demócrito Rocha, 2020.Kergoat, D. (2009). “Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo”. In: Hirata, Helena et al. (orgs). Dicionário crítico do feminismo. SP: Ed. UNESP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2020). Anuário Brasileiro de Segurança Pública