Resumo

Título do Artigo

“AQUI NÃO TEM FRONTEIRA… FRONTEIRIÇO É SER BRASILEIRO E URUGUAIO MISTURADO”: o hibridismo de identidades culturais no desenvolvimento de carreiras na Fronteira da Paz
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Palavras Chave

Identidade Cultural
Cultura Fronteiriça
Carreira

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras de Pessoas e Organizações

Autores

Nome
1 - Larissa Pires Martins
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA (UNIPAMPA) - Santana do Livramento
2 - Laura Alves Scherer
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA (UNIPAMPA) - Campus Santana do Livramento

Reumo

Parte-se da ideia que as carreiras são desenvolvidas pelo contexto. A soma de características que integra a cultura na sociedade que o indivíduo faz parte e que compõe a sua carreira é também relacionada ao que Hall (2020) conceitua como identidade cultural. A identidade de cada indivíduo se descreve a partir de traços que a própria cultura influencia aquela pessoa e está ligada à convivência social. É possível evidenciar o caráter híbrido e não homogêneo de uma identidade cultural ao se analisar regiões de fronteira geográfica, como em cidades gêmeas da fronteira do Brasil com o Uruguai.
Objetivo geral: analisar como o hibridismo das culturas brasileira e uruguaia se apresenta nas carreiras de profissionais com identidade cultural fronteiriça na Fronteira da Paz. Objetivos específicos: (i) mapear profissionais em Sant’Ana do Livramento e Rivera cuja carreira destaque a identidade cultural fronteiriça Brasil-Uruguai; (ii) analisar a trajetória e as características do momento atual da carreira desses profissionais; e (iii) identificar e analisar elementos que compõem a identidade cultural fronteiriça destacando sua importância e influência na carreira desses profissionais.
O primeiro tópico da fundamentação teórica aborda sobre “Carreira e a importância do Contexto”, tendo como destaque as diferenças entre carreira tradicional e carreira moderna, desafios, oportunidades e características contextuais, como origem, família e cultura que influenciam o desenvolvimento pessoal e profissional das carreiras. Já o segundo tópico contempla a “Identidade Cultural e Cultura Híbrida”, abordando sobre identidade nacional, concepção, mudanças e impactos da identidade cultural, hibridismo, o conceito de fronteira e da cultura fronteiriça.
Realizou-se uma pesquisa qualitativa, exploratória, com nove entrevistas narrativas com profissionais de Sant’Ana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai, cidades gêmeas que fazem fronteira seca, as quais juntas são conhecidas como Fronteira da Paz. Participaram cinco profissionais do setor musical e quatro chefs gastronômicos que consideram a identidade cultural fronteiriça como característica das suas carreiras. De forma complementar realizou-se observação direta no local de trabalho de um músico entrevistado. A análise das narrativas seguiu Jovchelovitch e Bauer (2003).
O hibridismo das culturas brasileira e uruguaia se apresenta nas carreiras de músicos e chefs gastronômicos na Fronteira da Paz através de diversos elementos de uma identidade cultural fronteiriça como as famílias híbridas, compostas por brasileiros, uruguaios e doble chapas; as vivências da infância; o portunhol e o sotaque; os modos de se alimentar e cozinhar a típica comida campeira criando novos produtos misturando ingredientes nacionais; as manifestações artísticas e de lazer, como os diversos ritmos de países; e a vestimenta característica da região.
Pode-se perceber que a hibridação das culturas brasileira e uruguaia se apresenta desde o início das trajetórias das carreiras de indivíduos na Fronteira da Paz evidenciando as vivências e o cotidiano do fronteiriço, que ocorre devido as duas cidades, Santana do Livramento e Rivera, estarem interligadas como se fossem uma única. Isso contribui para incorporar a cultura da fronteira na sua identidade, abrindo caminhos para a criação de diferentes carreiras que valorizam tais aspectos.
AKKERMANS, J.; KUBASCH, S. "#Trending topics in careers: a review and future research agenda", Career Development International, v. 22, Issue 6, p. 586-627, 2017. CANCLINI, N. G. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. 7. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015. CHANLAT, J-F. Quais carreiras e para qual sociedade? (I). Revista de Administração de Empresas, v. 35, p. 67-75, 1995. HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. 12. ed. Vo. 3. Rio de Janeiro: Lamparina, 2020.