Resumo

Título do Artigo

O acesso ao crédito em bancos digitais e fintechs aumenta a probabilidade de endividamento no Brasil?
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Palavras Chave

Atitude financeira
Inclusão financeira
alfabetização financeira

Área

Finanças

Tema

Finanças Comportamentais

Autores

Nome
1 - Bárbara Priscila de Souza Corrêa
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP - Piracicaba
2 - Carolina Coletta
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - FGV-EAESP

Reumo

O Brasil ganha destaque como um dos mercados mais avançados em termos de bancos digitais. Ao final de 2022, 52% dos brasileiros possuíam conta em uma instituição financeira digital. Isso favorece a inclusão financeira e a bancarização para as faixas de renda mais baixas (C-D-E) e para um público mais jovem (McKinsey&Company, 2022). Embora a oferta de crédito tenha aumentado nesse contexto, ressalta-se que muitas pessoas não estão aptas para consumir os produtos financeiros disponíveis, pois não possuem preparo para tomar decisões financeiras saudáveis (Lusardi & Tufano, 2015).
O maior acesso ao crédito, por meio do advento recente dos bancos digitais e fintechs, está associado a uma maior probabilidade de endividamento pessoal? o objetivo deste estudo é analisar a relação entre o acesso a crédito, através de bancos digitais e fintechs, e a probabilidade de endividamento dos indivíduos no Brasil.
Embora tenham apresentado a vantagem de promover inclusão financeira para as pessoas que não podiam acessar o sistema tradicional, o maior acesso pode estar associado a risco de dificuldades financeiras. O maior acesso aos produtos financeiros digitais aumenta o acesso ao crédito e, consequentemente, o consumo das famílias. O aumento do consumo, por sua vez, está associado ao aumento da probabilidade de estar em dificuldade financeira (Yue et al., 2022).
Foi considerada como população-alvo de pesquisa os indivíduos bancarizados residentes no Brasil, com ou sem rendimentos e com idade entre 18 e 65 anos. Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário estruturado autoaplicável, composto de 29 questões fechadas sobre características demográficas, acesso ao crédito, alfabetização financeira e nível de endividamento. Obteve-se uma amostra de 303 respondentes. Foram aplicadas regressões logísticas para analisar a relação entre acesso ao crédito em bancos digitais e endividamento.
Há uma relação positiva e significativa (exceto na coluna 2, cuja variável dependente é a classificação ‘pouco endividado’) entre a facilidade de acesso ao crédito e a probabilidade de endividamento. Em relação ao score de alfabetização financeira, verifica-se uma relação negativa e significativa em todas as estimações. Portanto, a probabilidade de estar em uma categoria de maior endividamento diminui à medida que o nível de alfabetização financeira aumenta.
Os resultados evidenciam que a facilidade de acesso ao crédito, através de bancos digitais, possui uma associação positiva com a probabilidade de endividamento em diferentes níveis (risco de sobre-endividamento e sobre-endividamento). A a alfabetização financeira também contribui para explicar a probabilidade de endividamento, apresentando uma relação positiva. Quando os indivíduos não possuem habilidades básicas de alfabetização financeira, como o entendimento de conceitos elementares de orçamento e gestão de dívidas, há uma maior probabilidade de enfrentarem dificuldades financeiras.
Lusardi, A., & Tufano, P. (2015). Debt Literacy, Financial Experiences, and Overindebtedness. Journal of Pension Economics & Finance, 14(4), 332-368. McKinsey & Company, (2022) O próximo ciclo para os bancos digitais. Disponível em: Acesso em: 14 jul. 2023 Yue, P. et al. (2022). The rise of digital finance: Financial inclusion or debt trap? Finance Research Letters, 47, 1-5.